quarta-feira, 30 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas

"When The Ships Are Down, This Civilized People Will Eat Each Other"


Sabe, eu tenho um carinho muito grande por Batman Begins. O filme foi responsável, junto com Superman Returns, pelo meu retorno ao mundo dos quadrinhos. Chega a ser engraçado quando lembro que, na época do lançamento de Begins, em 2005, eu dizia: "Eu que não gasto um centavo pra assistir um filme do Batman no cinema!". Isso graças ao trauma gerado pelos filmes do Joel Schumacher. Foi só tempos depois que, andando por entre as prateleiras de uma locadora, resolvi alugar o DVD do morcego. E quando começei a assistir, já percebia que aquele não era o Batman cinematográfico que conhecia. Mas minha confirmação veio em forma de uma cena específica do longa, logo na primeira aparição do herói travestido na armadura, quando, no caz, um dos capangas de Falcone pergunta: "Where are You?", e sorrateiramente, o Morcego, de ponta a cabeça surge atrás do bandido e diz, em um medonho susurro: "Here!". Naquele momento eu disse para mim mesmo: "Esse é o Batman de verdade, aquele dos quadrinhos". Fim do filme e pronto, voltei a ser fã do morcegão!
Era óbvio que, com o sucesso de Batman Begins, tanto em público quanto em critica, uma seqüência seria produzida. Tempos depois, as primeiras nóticias sobre o entitulado Batman 2. E com elas uma surpresa, as escalação do australiano Heath Ledger para viver o maior algoz do herói, o Coringa. Minha reação inicial foi algo tipo: "Que mierda. Com tantos atores fisicamente parecidos com o Joker (Crispin Glover, Hugo Weaving, Paul Bettany, etc, etc) por que escolheram logo um que só tem o branco do olho de semelhança?!?!". A "revolta" foi grande, mas é aquilo, vamos esperar para ver. Tempo vai, tempo vem, e finalmente sai a primeira foto do palhaço, uma foto sombria, de um Ledger com o rosto ceifado e um ar muito sombrio. A partir dai já sabiamos o tom que Christopher Nolan daria ao personagem, mantendo assim a visão realista já apresentada no primeiro filme.
Eis que, após meses acompanhando trailers que só me deixavam com água na boca, e fotos promocionais que só aumentavam minha ansiedade, estréia na telona Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, no original). E depois de assisti-lo, digo, com um sorriso no rosto: Batman Begins foi só um exercício, uma preparação para a verdadeiro filme, que é The Dark Knight.
Começemos pela história. Dois anos depois após o primeiro filme, Batman (Christian Bale) continua seu trabalho de limpar as ruas de Gotham dos criminosos. E o herói não está só. O promotor de justiça Harvey Dent (Aaron Eckhart) luta com as armas que tem para livrar sua cidade da criminalidade. Junto a ele, temos a agora assistente da promotoria e namorada de Dent, Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal). E o tenente James Gordon (Gary Oldman), que com sua Unidade de Crimes Hediondos luta por uma cidade melhor. Mas isso está assustando a Máfia. E é nesse desespero que o "conglomerado" de criminosos aceita a "ajuda" de um criminoso psicopáta, o Coringa (Heath Ledger). A partir dai, a "ópera" começa. Bruce Wayne vê em Dent uma chance de abandonar sua vida de justiceiro mascarado, deixando Gotham nas mãos do seu intitulado "cavaleiro branco", e assim poder ficar junto com Rachel. A UCH de Gordon prende o administrador das finanças da máfia. E o Coringa inicia seu plano para eliminar Batman, ao mesmo tempo em que planeja instalar o caos na cidade. Aqui é importante destacar como o roteiro, escrito a três mãos (pelo diretor Chris Nolan, seu irmão Jonathan e pelo roteirista do primeiro filme, David S. Goyer) e a direção de Nolan, não deixam a "peteca cair" Durante suas 2 horas e meia de projeção, o filme não perde o ritmo em momento algum, ostentando uma trama que se assemelha a filmes políciais; são 152 minutos que não cansam, e que prendem a atenção do expectador a cada minuto.
Quanto as atuações, bem... Vamos a eles. Christian Bale é um excelente ator, e aqui, ele dá um passo a frente no trabalho iniciado em Batman Begins. Seu Batman continua sombrio, só que mais maduro, que arca com as consequências de seu trabalho (como o de inspirar pessoas de uma forma errônea). Já Bruce Wayne está perdendo o controle, se entregando cada dia mais a sua personalidade "quiróptera", e assim passando tanto dos seus limites físicos quanto mentais.
Já Aaron Eckhart cria um Harvey Dent perfeito. Durante todo o filme vemos o personagem e seu ideal de um mundo justo cair por terra. Com o passar do tempo, Dent começa a ceder aos valores que tanto combatia. Ele cai minuto a minuto em um abismo de rancor e loucura que culmina com sua transformação no vilão Duas-Caras. Quando Nolan disse que o filme seria sobre Dent, não pensei que fosse tanto. Aaron rouba a cena com seu bom trabalho de atuação. Gary Oldman como Jim Gordon está excelente. O típico policial honesto, que acima de tudo, busca proteger sua família. É engraçado ver como Oldman, um ator que tem em seu currículo inúmeros personagens excêntricos, interpretar alguém tão "normal". Temos Maggie Gyllenhaal substituindo a insossa Katie Holmes no papel de Rachel. E aqui também Rachel amadureçeu. Sua personagem já não busca mais o amor platônico que nutria por Wayne. Ela seguiu em frente, e achou em Dent um homem que ama. Junte ao time os deuses Michael Caine e Morgam Freeman; Caine como um Alfred menos "apelo cômico" e mais paternal. Protagonizando dialogos excênciais com Bale. E Freeman, interpretando novamente Lucius Fox, como a consciência de Batman, alguém para dizer que eles está passando dos limites. Enfim, um excelente time.
Mas quem mereçe um paragráfo a parte é Heath Ledger. O ator australiano, falecido em janeiro passado, rouba a cena no filme. Seu Joker é uma amálgama bizarra de trajeitos que vai da falta de equilíbro do Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp em Piratas do Caribe) a crueldade de Alex (Malcolm McDowell em Laranja Mecânica). Tá, isso causa uma certa sensação de deja-vu, algo tipo: "Já vi aquele trajeito em algum lugar"; mas isso não desmerece em nenhum momento o ator; acho que pelo contrário, só traz uma maior simpatia com a personagem. Esqueça o bufão interpretado por Jack Nicholson em Batman (1989). O Coringa de Nicholson, perto do de Ledger, é palhaço que anima festa infantil. É incrivel como a cada cena, Ledger cria um ser doentio, que celebra a dor e a morte, a destruição e a insanidade; e a atuação dela é apoiada por diálogos que "ajudam" a interpretar aquilo que o palhaço representa. Das falas do mesmo com Duas-Caras, quando ele diz: "Eu sou um agente do caos!"; ou a alegoria contada por Alfred sobre um bandido em Burma; tudo direciona o Coringa para aquilo que ele é. Alguém sem nada a perder, ou, nas palavras do diretor Christopher Nolan: "Uma força da natureza que destrói tudo por onde passa". Some a isso nuances de voz e uma incrível naturalidade na interpretação e temos o algoz perfeito para o homem-morcego. Alguém sem um racíocinio linear, alguém imprevisível. É interessante notar como "herói" e "vilão" são, na verdade, extremos de um mesmo ambiente. Ambos são os reflexos de uma sociedade decadente, sustentada no medo. Como o próprio Coringa diz ao Batman: "Para eles (os políciais) você é só uma aberração. Como eu!!!" E é esse medo que o antagonista pretende espalhar em Gotham. Com seus "ataques terroristas", o insano criminoso planta sua "semente do caos", para que assim, toda a população da metrópole se volte contra ela mesma, e passe a agir de forma irracional. Ele quer espalhar sua palavra, seu "evangelho"; e esse evagelho é o caos. Tudo isso é trazido ao público através da interpretação de Heath Ledger. Muito se disse sobre o ator e esse personagem; e com isso cresceu o boato de uma possível indicação postuma do ator ao Oscar. E levando em conta que a Academia gosta de prestar homenagens, e também de premiar atores por interpretações de personagens "freak" - vide Javier Bardem, que ganhou o Oscar de Ator Coadjuvante esse ano por sua atuação em Onde os Fracos Não Tem Vez - podemos sim, esperar uma indicação do australiano em 2009.
Quanto a parte técnica, temos mais uma vez um ótimo trabalho. Nolan, assim como em Begins, optou por "efeitos especiais" reais, tentando usar o mínimo possível de computação gráfica. Ou seja, as cenas de "ação" do filme são todas (ou pelo menos a maior parte delas) realizadas pelos atores e dublês, o que torna o filme mais crível. E esse é outro grande mérito do filme, ser real. Ao vermos Cavaleiro das Trevas, vemos o reflexo de nosso próprio mundo, da violência nas ruas de nossas cidades, e em termos de Brasil, bem... você sabe. Uma coisa que me deixou muito feliz foi ver como a nova roupa do homem-morcego funciona bem na tela. Outra coisa inressante no filme é a explicação dada para o uso do Batpod, vulgo Batmoto; apesar de meio fantástica, funciona muito bem na trama. Há ainda a excelente fotografia, que ajuda na construção tanto na história quanto dos personagens (a exemplo a cena final, com o Coringa de cabeça para baixo e a câmera também virada para baixo). E para completar temos a impactante trilha sonora de Hans Zimmer; o compositor reaproveita a trilha do primeiro filme, dando a ela maior impacto e presença no filme; destaque para a trilha nas cenas do Coringa, onde um ruído crescente sonoriza os diálogos do vilão.
Há também espaço para sitações a mitologia do morcego nas HQs. Desde coisas subliminares, como a piadinha que Lucius Fox solta sobre a nova armadura de Batman e gatos (seria uma dica de que Selina Kyle, a Mulher Gato, estará no próximo filme?!?!) a coisas mais obvias, como a aparição da pequena Bárbara Gordon, aqui com uns três anos de idade, filha de Jim e de sua esposa, também chamada Bárbara. Para aqueles que não sabem, a menina, quando cresce se torna a Batgirl.
Concluindo. Batman - O Cavaleiro das Trevas é um filme ótimo, uma expêriencia cinematográfica plena, que agrada tanto aos fanfarrões que gostam de filme tipo "massa véio" (lê-se blockbusters com muita ação) quanto aos críticos malas que só curtem filmes "cabeça" (lê-se filmes independente com mensagens a transmitir). O engraçado é ver como Batman se tornou coadjuvante de seu próprio filme. The Dark Knight é uma sinfônia da destruição, e suas notas músicas são a pura anarquia. Mas apesar do clima pesado e sombrio, seu final é a esperança, corrobado por uma cena que mostra que mesmo em situações difíceis, as pessoas ainda agem racionalmente, pensando no bem mútuo. Enfim, como já disse antes, é um filme que merece ser visto. E com ela, as adaptações de quadrinhos ao cinema atingem outro patamar. NOTA: 10


quinta-feira, 24 de julho de 2008

Arquivo X - Eu Quero Acreditar

"A Verdade está Lá Fora"


Quando veio a notícia de que Chris Carter, o pai da antológica série de TV Arquivo X iria produzir um segundo filme da série, eu fiquei mais feliz que pinto no lixo. Era uma chance de amarrar algumas pontas soltas que a série deixou e dar um desfeixo digno aos agentes Mulder e Scully e a colonização alienígena. Mas ai me chega a notícia de que o roteiro do filme não teria ligação com a trama principal da série (a conspiração do governo e a colonização alien) e que o filme seria uma coisa tipo "monstro da semana", ou seja, uma história fechada, que na série, preenchia os espaços entre os episódios da mitologia principal. E é ai que Arquivo X - Eu Quero Acreditar (X-Files - I Want to Believe, no original) peca; ao tentar fugir dos homenzinhos verdes, que eram o fio condutor da série, o filme perde o brilho, e serve apenas como um reencontro dos dois agentes do FBI com os fãs.
O filme começa mostrando o desaparecimente de uma agente do FBI. É ai que Dana Scully (Gillian Anderson), agora atuando como médica em um hospital infantil, é contactada pelo Bureau, que pede sua ajuda e a do ex-agente Fox Muder (David Duchovny) para solucionarem um caso que muitos pensam ser um arquivo x. Fox, por sua vez, ainda fugitivo do FBI (como mostrado no final da 9ª e última temporada da série) vive isolado em uma pequena casa. Depois de alguma resistência, ele e Scully resolvem ajudar a investigação, comandadas pelos agentes Whitney (Amanda Peet) e Drummy (Xzibit). O desaparecimento da agente está, por sua vez, ligado a uma série de desaparecimento de mulheres. Ai que surge o padre pedófilo Joseph Crissman (Billy Connolly), que afirma ter visões das mulheres e de seus sequestradores. A partir dai o filme se desenvolve como uma regular pelicula de suspence, com direito a citações a série (como a falta que Mulder e Scully sentem do filho, o bebê William), e a participação especial de Mitch Pileggi como o Diretor Assistente Walter Skinner.
A história em si, passa longe da alcunha de "arquivo x". O único fator sobrenatural do filme são as visões do padre Joseph, que ajudam a solucionar o caso. Paralelo a isso, vemos Scully buscando ajudar um menino com uma rara doença, monstrando, como era de praxe na série, seu lado maternal. Aos atentos, prestem atenção em uma cena em que Mulder vai ligar para Scully. A câmera mostra o celular do personagem, e na agenda, ele seleciona o nome Gillian. Um erro divertido, que não prejudica o filme, apenas diverte.
No geral, as atuações são boas. David Duchovny e Gillian Anderson continuam em sintonia. É maravilhoso rever Mulder e Scully agindo juntos novamente, e discutindo aquilo que os move. A fé de cada um é o tema central da trama. Fox ainda busca salvar sua irmã (mesmo sabendo que ela está morta), e Scully tenta entender os caminhos que Deus escolhe para o mundo. Essa dualidade dos dois, somado ao agora maduro relacionamento dos dois formam a alma do filme. Assim como ná série de TV, mais importante que as histórias contadas, o divertido é ver Mulder e Scully juntos. Já o elenco de apoio é apenas regular, sendo, como é de se esperar, ofuscados pelo brilho de Duchovny e Anderson.
A direção é linear, sem nenhum destaque; até porque é o primeiro filme dirigido por Carter. Antes ele tinha apenas dirigido alguns episódios da série. Talvez por isso a película ficou com cara de episódio prolongado. E isso, associado a história tipo "monstro da semana" (que mostra uma espécie de Dr. Frankeinstein moderno) deixam o filme meio sem-gosto. Não há muitas coisas que empolguem os espectadores e os fãs do programa de TV. Como disse antes, é só uma chance de rever os personagens da série, e ver como eles estão anos depois.
No geral, Arquivo X - Eu Quero Acreditar - para os leigos, esse subtitulo é uma referência a frase estampada no poster da parede de Mulder, que mostra um disco voador e abaixo a frase "I Want Believe" - é um filme que entretem. Mas no geral, é mais recomendado para dos fãs da extinta série do que para novos expectadores. Meu desejo pessoal é que Cartar resolva produzir um terceiro filme, para ai sim, fechar a mitologia da série com chave de ouro, mostrando bebê Willian usando seus poderes para acabar com a raça dos alienígenas cinzas, impedindo a colonização e salvando a humanidade. NOTA: 8,0


Kung Fu Panda

Everybody Was Kung Fu Fighting!


Em tempo de férias escolares, chovem no cinema animações para entreter a molecada, e fazer com que seus pais gastem o seu suado dinheiro. A primeira animação dessa leva foi o excelente Wall-E, que com seu tom melancólico e sensível agradou tanto os pais quanto os filhos. A segunda animação do verão americano é Kung-Fu Panda, uma animação que apesar de não ser tão genial quanto a do robôzinho lixeiro, é um ótimo filme.
A película conta a história de Po (dublado no original por Jack Black), um panda que passa seus dias trabalhando na barraquinha de macarrão do pai. Mas quando o Vale da Paz onde o preguiçoso urso mora é ameaçado pelo vingativo Tai Lung (Ian McShane), um poderoso tigre branco. Cabe agora ao ex-mestre de Tai Lung, o sisudo Shifu (Dustin Hoffman) treinar o panda, para que este se torne o lendário "Dragão Guerreiro" e possa salvar o vale.
Pois bem, não a muito o que dizer do filme. Kung Fu Panda é uma animação leve, uma diversão sem compromisso, que agrada a todas as idades. Durante os 100 minutos de exibição, somos levados a uma China mitológica, onde o kung fu é mais que uma arte marcial, é sim uma filosofia de vida. Quanto a ambientação, ela dá ao filme um tom mágico, lúdico, que encanta a todos os espectadores. Junte a isso uma excelente técnica de animação, que dá aos movimentos dos animais guerreiros uma incrível leveza e força; o que culmina em sequências de lutas impecáveis, muito divertidas, e que dão de dez a zero nos filmes de ação hollywoodianos!
Já sobre a história, ela cumpre sua função muito bem, transmitindo uma excelente mensagem as crianças; aquela boa e velha "lição de moral" que diz que você pode ser aquilo que você quer. Aqui, a alegoria é exemplificada pelo carismático protagonista Po, gordinho e sedentário, que, quando é apontado como o Lendário Guerreiro, vira a "chacota" do vale. Nem ele mesmo crê que é o escolhido. Durante toda a projeção nos vemos como o panda vence seus medos, ajudado pelo sábio Shifu e tornasse aquilo que sempre sonhou em ser. A mensagem está ali, e deve ser absorvida não só pelas criança, mas pelos adultos também. Há ainda, momentos "drámaticos" no roteiro, (principalmente na relação de Shifu e Tai Lung) que dão uma maior profundidade ao filme, mas nada que prejudique a diversão total do filme, pelo contrário, só aumentão o valor geral da película.
Como já disse antes, Kung Fu Panda é um filme excelente. Uma animação de primeira, que transmite excelentes valores morais e que diverte a toda a família. NOTA: 8,0


domingo, 20 de julho de 2008

Hancock

Água demais também mata planta!


Fui ver Hancock com a maior das expectativas. Primeiro porque era estrelado pelo maior astro de Hollywood da atualidade, Will Smith. E segundo porque a temática principal do filme era "super-herói bêbado", e pelo que era mostrado nos trailers, bem, parecia que ia ser diversão na certa. E foi, mas não o filme todo. Sabe, quando ouvia ou lia uma crítica sobre o filme, era sempre a mesma coisa: A primeira metade do filme é boa, mas na segunda, o diretor perdeu a mão. E então, depois que assisti ao filme, vi que era verdade.
O filme mostra John Hancock (Will Smith), um super-herói bêbado e desmemoriado, que não está nem ai pra nada, e que é odiado por todos pelos estragos que causa quando resolve "ajudar" alguém. Mas tudo começa a mudar quando ele salva a vida de Ray Embrey (Jason Bateman), um relações públicas que resolve auxiliar o herói a mudar sua imagem, e fazer com que a população passe a gostar dele. O problema é que a esposa de Ray, Mary (Charlize Theron) não vai com a cara do desastrado Hancock. Até ai tudo bem. Vemos o herói se entregar para o governo (que havia declarado-o como criminoso) e parar em uma prisão estadual. Cenas engraçadas e algumas sessões de terapia depois, Hancock sai da prisão; logo é convencido por Ray a usar um uniforme, e se "redime" perante a população, ao ajudar a polícia a parar um assalto a banco. Se parasse ai, o filme do diretor Peter Berg seria ótimo. O problema é quando o roteiro começa a querer se explicar demais. Sabe, tinha um professor que, quando eu escrevia em uma prova ou teste, uma resposta demaziadamente longa (e que podia ser escrita de forma mais simples), ele escrevia: "Água demais também mata planta!" ou, de forma menos metáforica: Explicação demais as vezes torna a resposta errada. E é nesse quesito que Hancock peca. Depois da bem sucedida primeira metade do filme, o diretor, na segunda metade, se perde em tantas explicações; essas por sua vez, catapultadas por reviravolta atrás de reviravolta, em um nível pior do que aquelas bizarrices de novelas mexicanas. Todo esse turbilhão de idéias, somado ao retorno de um vilão que já tinha dado o que tinha que dar (sem duplo sentido), destroem todo o clima de descontração que o começo do filme havia criado, culminando em um final um tanto incomodo para o filme, meio amargo.
Nem Smith salva o filme. Claro que na primeira metade do filme ele esta, como sempre, excelente. Já Jason Bateman repete o mesmo arquetipo que usou no papel de Mark Loring, no excelente Juno (2007). Agora, quem me surpreendeu, puxado pro pior sentido que a palavra pode ser usada, foi Charlize Theron. A detentora de um Oscar esta completamente perdida no filme. Parece que fez o filme com má vontade.
Enfim, em um balanço geral, o filme está, como diriam os americanos, fifth-fifth, ou seja, 50% dele é bom. E 50% é ruim. Pena, o filme tinha tudo para dar certo, mas acabou se perdendo no caminho. NOTA: 6,5


sábado, 19 de julho de 2008

Wall-E

"Wallll-Eee!"


Desde as primeiras notícias sobre a produção de Wall-E, o filme aguçou minha curiosidade. Basicamente porque a trama principal do filme parecia-me muito melancólica, principalmente no que se referia a uma animação Pixar. Notícia vai e notícia vem, trailer pra lá e trailer pra cá, e finalmente fui assistir ao filme com o robôzinho que era a cara do Johnny Five de Short Circuit (1986). Ao final da sessão, tive certeza, Wall-E entrou para meu "Top Five" de melhores filmes do ano.
A história da película mostra o planeta Terra daqui a 700 anos, em um futuro pós-apocalíptico, quando a poluição saturou de tal forma a nossa Gaia que a vida como a conhecemos se tornou inviável. Os humanos, bem, os humanos fugiram em uma colossal nave espacial de nome Axion. E deixaram para traz sua casa completamente suja. Mas a empresa responsavél pela nave deixou aqui uma linha de robôs, os Wall-E, cujo função era a de limpar toda a superfície do planeta. Mas como o tempo é corrosivo, todos os robôs dessa linha foram quebrando durante as gerações em que trabalhavam. E é ai que conhecemos nosso protagonista, Wall-E, o último dessa série, que após tanto tempo, continua compactando o lixo do mundo. O robôzinho tem como hobby colecionar antigas velharias humanas, que ele guarda em sua "casa", onde passa boa parte do tempo assistindo a musicais em companhia de sua única amiga, uma barata (você sempre ouviu dizer que as baratas sobreviveriam a um holocausto nuclear, não?!?!). Mas Wall-E se sente só, triste por não ter com quem conversar. E é assim o dia a dia do trabalhador de metal. Mas tudo muda quando uma misteriosa nave desce dos céus, e traz consigo uma robôzinha de nome Eve, com a missão de explorar a superfície do planeta. A partir desse ponto, a vida de Wall-E vira de pernas pro ar, e sua aventura culmina com sua ida a nave Axion.
O filme do diretor Andrew Stanton é simplesmente genial, mas para corrobar tal afirmação, vamos a análise. O começo da produção é de uma melâncolia só. Um mundo assustadoramente destruído pela ação humana, e nele há apenas o pequeno Wall-E, completamente só. A cada take, o metal contorcido da lataria do robô demonstra tal solidão. Nunca vi, em nenhum lugar, uma máquina capaz de expressar tamanha emoção (ele chega a superar até mesmo o eterno R2-D2 de Star Wars). Ele é curioso, e essa curiosidade leva-o a guardar inúmeros artefatos humanos. É engraçado vê-lo abrir uma caixinha porta-anel, jogar fora o anel de diamantes, e guardar a caixinha. Uma mensagem sutil, mostrando que o importante na vida são as coisas de natureza simples. Há também um pequeno espaço para a metalinguagem (o robô assistindo filmes); metalinguagem essa que ajuda a criar essa atmosfera triste.
Eis que chegamos ao "ato dois", que é iniciado pela chegada de Eve (em referência direta a Eva biblíca). O "romance" entre as duas máquinas é uma coisa surrealmente linda. O jeito inocente de Wall-E, em contrapartida com o comportamento "cumprir missão" de Eve dá um toque interessante a trama (será alguma mensagem subliminar reafirmando que as mulheres amadureçem mais rápido que os homens?!?!). É um amor puro, infantil e sublime. Acredito que todos os que assistirem ao filme lembraram daqueles amores de infância.
Já no "ato três", quando o robô chega a Axion, é um prato cheio. A nítida critica a sociedade consumista americana, onde no futuro, os humanos são gordos, não andam e se alimentam de fast-food! Uma alfinetada nos sedentários norte-americanos; e em uma nação que caminha cada vez mas para uma versão equivalente da ficção cinematográfica.
Some a isso algumas sitações a 7ª arte, principalmente ao clássico 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, uma trilha sonora competente, e um roteiro que não se arrasta em nenhum momento, mantendo um maravilhoso ritmo.
Enfim, do começo ao fim, Wall-E é uma animação expetacular (e sério candidado ao Oscar 2009 de Melhor Animação), tanto na parte técnica (falar da perte técnica da Pixar é chover no molhado), quanto na parte artística. Veja sozinho ou sozinha, acompanhado ou acompanhada, e se emocione com as aventuras do simpático robôzinho Wall-E. NOTA: 10


Agente 86

Uma aventura com comédia, e não uma comédia sobre aventura!


Dizer que a série de TV "Agente 86" (Get Smart, no original) é um clássico é pouco. O programa estrelado por Don Adams, e produzida pelo antológico Mel Brooks entrou para a história da televisão. Os poucos episódios que tive a oportunidade de ver (pra dizer a verdade, pedaços de episódios) cativaram-me na hora. O humor físico, somado ao gigantesco carisma do protagonista fizeram dessa série algo expetacular. Quando veio a notícia de que a "famigerada" Hollywood iria refilmar o programa, muito se questionou (comparando-a com o malfadado remake de A Feiticeira, de 2005). Pois bem... filme lançado. E como resultado final, bem, vamos a ele!
Primeiro a história. O filme mostra o sempre divertido Maxwell Smart (Steve Carell) em início de carreira. Após um ataque da organização criminosa KAOS a base da organização CONTROL, Max é "promovido" ao título de Agente 86. Sua missão é, junto com a nova parceira, a Agente 99 (Anne Hathaway) impedir os maléficos planos do KAOS. Junte a equipe o egocêntrico Agente 23 (Dwayne Johnson), o estressado Chefe (Alan Arkin), e o vilão Siegfried (Terence Stamp) e a confusão está armada.
O filme do diretor Peter Segal, ao contrário do que os trailers prometem, não é propriamente dito uma comédia, mas sim uma aventura, e esse é o grande diferencial do filme. Ao apostar em uma película de espionagem leve, Segal acerta a mão, em um filme que flui em um excelente ritmo, com cenas divertidissímas, que fazem rir sem ofender nínguem (talvez a CIA). E para os fãs da série clássica, o icônico Sapatofone está lá!
Quanto aos atores, bem, para mim, Steve Carell é o melhor comediante da atualidade. Suas gags, sua expressão, tom de voz, enfim tudo nele é engraçado. E ele, naquele terno preto e com o cabelo partido lembra a cada momento o saldoso Don Adams. Já Anne Hathaway esta fatal. A atriz nem de longe lembra a desajeitada protagonista de O Diário da Princesa (2001). E o resto do elenco, bem, simplismente brilhante! Alan Arkin é hilário. Dwayne Johnson, vulgo The Rock, esta canastrão como sempre. E Terence Stamp, com seu bom e velho ar vilanesco, não me deixa esqueçer o eterno General Zod.
Concluíndo, o novo Agente 86 é uma diversão sem compromisso, um típico filmão "sessão da tarde" que cativa a todo o público. NOTA: 8,5


sexta-feira, 18 de julho de 2008

O Incrível Hulk

Hulk Esmaga!!!


Caralho, eu sou um preguiçoso safado, e só agora é que estou escrevendo a resenha de O Incrível Hulk!!! Pois bem, aqui vamos nós! Primeiro, vale lembrar que The Incredible Hulk (título original) é, junto com Homem de Ferro, os filmes que abriram as portas da Marvel Productions, a divisão de produção da editora Marvel Comics, ou seja, a partir de agora, as adaptações de quadrinhos para o cinema da editora serão feitas por quem entende de quadrinhos. Tivemos em maio desse ano o ótimo filme de titio Tony Stark, um filme leve, divertido, com uma sutil crítica ao mercado armamentista americano, bons efeitos especiais, etc, etc. Então, o novo filme do Gigante Esmeralda, comparado a Iron Man, é bom, mas não ótimo!
Aos leigos é bom exclarecer, o novo filme não é uma continuação do Hulk (2003) do diretor Ang Lee. Aqui temos um reinicio da franquia, uma vez que muitos acharam o primeiro filme muito meia-boca! Vamos começar pela história: Vemos nosso bom e velho Bruce Banner (Edward Norton), em uma favela aqui no Brasil, buscando sumir das vistar do sempre sisudo General Ross (William Hurt). Em sua estada em nossa bela nação tupiniquim, o cientista busca uma cura para seu "problema de personalidade"; uma vez que ele sabe que só assim poderá viver em paz com seu grande amor, a também cientista Betty Ross (Liv Tyler). O problema é que Ross consegue descobrir o paradeiro de Bruce, a assim começa a perseguição. O general organiza uma investida contra o "portador" do Hulk, essa liderada por Emil Blonsky (Tim Roth), que é feito cobaia de uma experiência onde recebe um protótipo do "Soro do Super Soldado" (aquele que transformou o magrelo Steve Rogers no heróico Capitão América - mas que neste caso, é uma versão, digamos, "não aperfeiçoada"). Essa singela ação é que gera assim, o antagonista "porrada" da história, o vilanesco Abominável!
Well, well, well... No quesito atuação, O Incrível Hulk se saí bem. Se não extraí nada genial dos atores, pelo menos estes (os atores) tem "bala ná agulha" suficiente para manter um bom nível. Primeiro temos Norton, que como sempre, interpreta o personagem de forma plena; e digo mais, o tom de voz típico do ator, aquele voz baixa quase como um susurro, é perfeito pro papel. A belissíma Liv Tyler também mantém uma ótima atuação - com destaque para aquilo que chamo de "cenas extremas", na qual a personagem explode em um sentimentalismo (nesse caso nas cenas de Betty com o Pai). Will Hurt sempre teve cara de militar, motivo já suficiente para que o papel do Gen. Ross o cai como uma luva (eu sei, eu sei, Hurt é um excelente ator). E completando temos o sempre expetacular Tim Roth, aqui interpretando um Emil Blonsky que vai decaindo em uma "psique" violenta após o uso do soro, o que leva-o a transformação no Abominável. No geral, um elenco excelente em uma atuação competente.
A direção do diretor com nome de cachorro, Louis Leterrier é boa, e funciona e o roteiro está em um nível que agradará a todos (ou quase todos). Há ainda as participações especiais do filme: Temos o nosso velhinho safado mais amado, Stan Lee, em uma cena que pasmem, influência na trama do filme; e como não podia deixar de ser, o eterno Hulk, Lou Ferrigno, contracenando com Norton, em uma cena em que ele diz pra Ferrigno: "Você é o cara!", uma digna homenagem aquele que será o melhor verdão de todos os tempos. Além é claro, da série clássica setentista ser homenageada a todo o tempo no filme. Temos também citações ao universo Marvel, e o gancho deixado para o vilão de uma possível sequência - a aparição do professor Samuel Sterns, interpretado por Tim Blake Nelson, e que futuramente se tornará o vilão Mestre. Aqueles que acompanham os quadrinhos da "Casa de Idéias" irá adorar.
Mas como nem tudo são flores... Uma coisa que me incomodou no filme foi essa estética "pula-pula". Em uma hora Bruce está no Brasil, depois no México (ou Guatemala, sei lá), para logo em seguida já entrar nos EUA; é meio bizarro pensar que um cara perseguido pelo governo americano entre no país via fronteira sem ser identificado (ou será que está facil atravessar a fronteira?!?!). Some a isso um corre-corre sem parar, com o protagonista sendo perseguido de cinco em cinco minutos... sei lá, parece estranho. O filme não tem pausa, não tem cenas que conectam esses momentos perseguição. A ironia nisso tudo, porém, é que como todos sabem, Norton (que também ajudou no roteiro do filme) brigou com Leterrier, e que uns 50 min de cenas extras foram cortadas do filme na edição final, ou seja, aquilo que os fãs chamam de "Norton's Directors Cut", a versão Ed Norton do filme; é provável que essas sejam as cenas que "conectam" a ação da película, cenas de diálogos, ou como costumam se adjetivar, os momentos mais "cabeça", explorando as direfenrentes personalidades dos protagonistas.
Mas uma coisa que me deixou um pouco incomodado foi a cena final do filme. Cene essa com a participação especial de Robert Downey Jr. como Tony Stark, em que o milionário sugere ao Gen. Ross a criação de uma equipe para solucionar o problema do Hulk. O momento, em si é bom, mas onde a edição final encaixou a cena é péssima; ao terminar o filme você fica com a impressão de que todo o filme só foi feito para promover o futuro filme dos Vingadores (que reunirá figuras icônicas da Marvel, como Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Homem-Formiga e Hulk, e que tem estréia marcada para 2011). Leterrier poderia ter posto a cena no pós-créditos finais, assim como fizeram com Nick Fury em Homem de Ferro.
E como não podia deixar de ser, a participação do Brasil no filme, apesar de boa, é introduzida de forma medonha. O take inicial, mostrando uma favela, parece durar uma eternidade. A estrutura de "casinha sobre casinha", tão comum a paisagem brasileira, é mostrada de forma colossal no filme. Colosso esse que assusta, e muito.
No geral, O Incrível Hulk é um filme bom, que entretem de forma satisfatória. E que venha o filme dos Vingadores! NOTA: 8,0


segunda-feira, 30 de junho de 2008

Fim dos Tempos

Isso está realmente acontecendo?


Sabe, é quase regra geral, quando aplicado a qualquer profissional, em qualquer área de atuação, a seguinte progressão: ruim – regular – bom – excelente. Ou seja, em qualquer atividade, uma pessoa começa de baixo, e com o passar do tempo, suas experiências acumuladas aumentam sua capacidade de execução de determinadas tarefas; de forma simplificada, é a nossa boa e velha amiga evolução; com o tempo você fica melhor no que faz. Por que digo isso? Bem, é porque o diretor M. Night Shyamalan pertence a um seleto grupo de pessoas que faz o caminho inverso: começa em modo excelente “on”, e com o passar do tempo, sua habilidade parece apenas decair mais e mais. E é ai que chegamos ao seu mais novo filme: Fim dos Tempos (The Happening no original).
O filme entra na onda dos bons e velhos filmes catástrofes, onde uma espécie de toxina espalhada pelo ar começa a “desligar” o instinto de auto-preservação das pessoas, e estas passam a se suicidar. Eis que entra, como de praxe, o ponto de vista familiar que Shyamalan adora explorar. Temos Elliot Moore (Mark Wahlberg), um típico professor que tenta descobrir o motivo da tal “praga”, enquanto sua relação com a esposa Alma (Zooey Deschanel) torna-se cada vez mais frágil. Juntam-se a eles Julian (John Leguizamo), melhor amigo de Elliot, e sua filha Jess (Ashlyn Sanchez). Os quatro partem de Nova Iorque, tentando fugir da praga, para logo depois descobrirem que a mesma esta se manifestando em outras cidades da costa leste do país.
Pois bem, de forma simples e clara, o filme é ruim. É incrível como o cara que criou O Sexto Sentido (1999), uma das películas de cinema mais interessantes dos últimos anos, pode fazer algo tão tosco. E a culpa não é só do indiano estranho. O elenco está horrível, parece que fizeram o filme de má vontade. Todos, eu disse TODOS, estão em uma canastrísse só. De Wahlberg á Leguizamo, não há nada quase momentos que redimam os atores. Acho que a única cena que “salva” o ex-rapper Mark é um momento “lágrimas”, onde Elliot e Jess se abraçam e ambos começam a chorar. Fora isso, não a mais nada. O filme é todo recheado de momento em que você gostaria de socar a cara de Wahlberg – vide o momento em que ele “confessa” uma traição para Alma, chega a ser constrangedor. Já para a marmanjada, o maior atrativo da fita é a presença da bela e carismática Zooey Deschanel.
No geral, nada resiste ao péssimo roteiro que abusa de forma maldita da palavra “happening” (do inglês, acontecer), extraída do título original; de minuto em minuto alguém solta a frase “isso realmente está acontecendo”, a ponto de irritar quem assiste ao filme. Além disso, a resolução da história é simplista demais, quase irreal. E o pior, perto do final do filme, após o clímax que resolve a história, entra uma narração em off de Wahlberg, explicando o que ocorrerá na cena anterior, cena essa que todos os espectadores tinham entendido: Então, pra que DIABOS explicar a PORRA da cena?!?!
Fim dos Tempos é a prova viva de que titio Shyamalan está cansado. Desde O Sexto Sentido sua obra vem decaindo. Tivemos Corpo Fechado, com uma ótima história, mas que pareceu não brilhar como devia. Depois Sinais, cuja trama é bem desenvolvida, mas tem um final muito escroto. Passando por A Vila, uma critica sem sal a sociedade capitalista, chegando a seu penúltimo filme, A Dama na Água, que ainda não assisti, e por isso não posso comentar. Está na hora do diretor tirar umas férias de Hollywood e voltar a fazer alguns filmes em Bollywood, a hollywood indiana, para ver se sua criatividade e genialidade conseguem voltar. NOTA: 7,0

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Efeito Dominó

Esse tem sotaque britânico!

Nunca fui com a cara de Jason Statham. Sempre o via como o astro do filmeco de ação Adrenalina. Um novo Van Damme, sem cérebro, só músculos. Quando ouvi falar pela primeira vez de Efeito Dominó (The Bank Job, no original), pensei: "Oh, mais um filme de assalto a banco, agora com um pseudo-atorzinho! Uhul! O que tá pasando no outro canal?" Mas não troquei de canal; esperei para ver qual seria a opinião do crítico de cinema Christian Petermann (o cara que eu tenho como "guru", e único critico de cinema que respeito), no programa de titio Ronnie Von, "Todo Seu", na TV Gazeta. Segundo Petermann, dessa leva 2008 de filmes de assalto (Mad Money e Um Plano Brilhante), The Bank Job era o melhor. Pois bem, quando vi que o filme estava disponível no cinema aqui perto de casa, fui assistir. Primeiro pelo elogio de Petermann a película, segundo porque o filme é uma produção britânica, ou seja, é repleto daquele agradabilissímo sotaque do velho continente. Ao termino da sessão, a felicidade de ter "queimado a língua" no que se refere ao bobo preconceito que tinha quando a Statham; e claro, a de ter assistido a um excelente filme.
A história de Efeito Dominó começa de uma forma simples, quando o mecânico Terry Leather (Jason Statham) reencontra com uma velha amiga, a atraente Martine Love (Saffron Burrows), que lhe faz uma proposta: assaltar um banco, quando este, por uma semana, estará com a segurança em manutenção. Até ai, tudo bem, o problema é quando esse assalto a banco se mostra como apenas a ponta do iceberg de uma conspiração que envolve um "segredo" guardado pelo criminoso engajado Micheal X (em alusão ao líder americano Malcolm X) que pode derrubar o Império Britânico, e o esforço do MI-5 (o serviço britânico de inteligência) para capturar Micheal X e silência-lo. Acho que por isso traduziram o título do filme dessa forma. O assalto é a primeira peça de um dominó, que pode iniciar uma série de acontecimentos de proporções colossais.
A atuação de Statham é ótima. Ele não é um astro de ação vazio. Ele tem um motivo primordial que o move. E aqui, é o bom e velho extinto protetor. O desejo de dar a família (esposa e duas filhas pequenas) uma vida melhor. Apesar disso, Terry acaba sedendo aos encantos da bela Martine, em uma excelente atuação de Saffron Burrows. A atriz cria ao redor de si uma aura de "poder feminina", uma femmale fatale com um Q a mais. E claro, a sintonia entre os dois atores é perfeita.
Já a direção, de Roger Donaldson (diretor do clássico trash paga-peitinho A Experiência) funciona. Mas, com um roteiro desse nas mãos, que flui muito bem, Donaldson poderia ter arriscado mais. Brincado com o "ser diretor", criando algo novo na direção. Ele optou por uma condução linear da história. Funcionou, mas poderia ter sido mais. Ponto para a relação Terry-Martine; um constante clima de tensão sexual paira sobre eles. Porém, aqui, Terry sempre mostra que está mais ligado a esposa e sua família, e que a relação com Love é apenas uma paixão, algo "de pele".
Concluindo: The Bank Job é um bom filme. Tenso, climático, interessante, e com aquela boa e velha estória de conspiração com a Família Real Inglesa! O roteiro, como já disse, flui, e não cansa. Um bom filme britânico, com uma pequena, porém divertida participação de John Lennon e Yoko Ono (o filme é ambientado nos anos 70)! Corram para o cinema, e aproveitem a sessão. NOTA: 8,5

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Indy, Comunistas e Homenzinhos Verdes: A Combinação Perfeita!

Engraçado, tem alguns filmes que quando assisto, parece que todas as células do meu corpo reagem. Um pulso elétrico de felicidade percorre todos meus nervos, levando-me para algum lugar atemporal, para algum momento na infância, onde o mundo era maniqueísta e tudo era mais simples. É uma versão mais psicodélica da sensação de nostalgia. Isso, essa felicidade infantil acontece em produções antigas, como Star Wars (1977), Superman - O Filme (1978), e Indiana Jones (1981). Indy está no que eu chamo de memória infantil; fleches de imagens dos filmes em tardes de sábado, quando passavam exaustivamente na TV aberta. Ele é parte da minha infância, e por que não, da minha história. E quando a notícia de que um novo Indiana Jones iria ser produzido, fiquei curioso. Pois bem, a curiosidade foi sanada, e digo, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é um filme muito bom. Arrisco a dizer que é o melhor filme que assisti esse ano.
Vinte e sete anos depois do primeiro, saem os nazista malvados e entram os soviéticos. Estamos na década de 50, e titio Indy ainda está se metendo em muita confusão. Logo de cara vemos Indiana (Harrison Ford) e Mac (Ray Winstone) presos pelos comunistas, em algum lugar no meio dos EUA. Somos então apresentados à vilã do filme, Dr. Irina Spalko (Cate Blanchett), uma pesquisadora paranormal da KGB, que busca algo em certo galpão/depósito do governo estadunidense (muito familiar aos fãs da trilogia Indiana Jones). A partir daí, somos jogados em um turbilhão conspiratório onde os russos buscam encontrar a lendária caveira de cristal, um artefato mítico que dará grande poder aquele que o possuir. Nesse meio tempo, o Dr. Jones foge (em uma das cenas mais mentirosamente maravilhosas já criadas) e volta para sua universidade. É quando conhece Mutt Williams (Shia LaBeouf), um jovem rebelde bem “a la” anos 50. Ele entrega ao professor um caderno de anotações que os levam as Linhas de Nazca, Peru, onde acham à dita caveira e a levam para a boa e velha floresta amazônica, onde encontram e “resgatam” Marion Ravenwood (Karen Allen), que se revela mãe de Mutt. Equipe formada. Todos prontas para aquela boa correria de sempre, com muitas piadas, discussões entre Indy e Marion, chicotadas, bichos selvagens, indígenas, e tudo o que a de bom em uma película de Indiana Jones.
Harrison Ford, agora com seus sessenta e todos anos de idade, continua sendo O CARA. Um excelente ator, que foi revelado e ascendido ao status quo de astro de primeiro escalão por dois personagens canastrões metidos a galã, ambos em películas clássicas do mundo nerd: Star Wars (como o pseudo-pirata espacial falastrão Han Solo), e em Indiana Jones. E mesmo tendo se passado 27 anos desde Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, Ford ainda sabe como interpretar o professor Henry Jones Jr. È sério, parece que não se passou tanto tempo assim. Estão lá, todos os trejeitos e gags do personagem, com um frescor quase mágico. E não é só isso, o próprio ator, apesar de todo o peso da idade, encarou a maioria das cenas de ação, dispensando os dubles. Não é só o personagem que é incrível, o ator também é.
E direto de Caçadores da Arca Perdida, temos de volta Karen Allen, interpretando a sempre jovial Marion. Karen está excepcional, trazendo a mesma personagem de anos atrás, mas com algo novo, talvez um amadurecimento (uma vez que a personagem se tornou mãe), mas claro que sem perder aquele jeitinho docemente fatal. E mesmo passados os anos, ela continua linda, presenteando os espectadores com seus grandes olhos azuis, e com um sorriso que deixa o de Cameron Diaz no chão. E juntando-se a equipe, temos Shia LaBeouf, interpretando um “James Dean” de nome Mutt, que protagoniza uma “conflito” de gerações divertidíssimo com Jones. E completando o elenco, temos Cate Blanchett interpretando de forma deliciosa uma caricata comunista maquiavélica. Para aqueles que tiverem a oportunidade de assistir ao filme no idioma original, poderão notar o exagerado sotaque da personagem. É fácil de ver como Cate se diverte interpretando a antagonista do filme. Uma pena Sean Connery não ter topado participar (mesmo assim, Henry Jones Sênior está presente no filme). Resumindo, é um elenco maravilhosamente maravilhoso, se me desculparem a redundância.
E chegando ao quesito roteiro/direção, a pergunta é: Qual o resultado da união cinematográfica entre o roteirista-deus nerd George Lucas e o pai dos filmes pipoca Steven Spielberg? A resposta: DIVERSÃO ATÉ O OSSO. O roteiro de Lucas é sensacional; divertido, leve, recheado de cenas maravilhosas e cheio de referências aos filmes anteriores (fiquem atentos ao aparecimento da Arca da Aliança). Lucas também faz certo ao trazer Marion de volta, uma vez que, em minha opinião, ela foi o melhor par romântico da trilogia original. Além disso, ele bebe da fonte do livro “Eram os Deuses Astronautas” de Erich Von Däniken. Para aqueles que não conhecem a obra, ela disserta sobre a influência de seres extraterrestres nas antigas civilizações, ou seja, alienígenas ajudaram a humanidade a erguer-las, e que os deuses narrados nos mitos antigos (cristão, egípcio, celta, grego, etc) eram, na verdade visitantes do espaço. Resumindo: sim, há homenzinhos verdes no filme. Algumas vezes de forma mais sutil, outras de forma mais explicitas, de uma forma ou de outra, eles estão lá. Há também a climatização “Guerra Fria”, que é excelente. A cena inicial, ao som da música Hound Dog de Elvis Presley, onde os comunistas invadem uma base secreta americana mostra bem a época da paranóia americana (assim como a cena da bomba atômica). Junte a isso uma direção ágil (como só Spielberg sabe fazer) que mantém um excelente ritmo e que reconstrói o clima dos filmes anteriores, assim como uma excelente direção de arte, que recria os anos 50 com muito primor. Jogue em cima de tudo disso uma camada composta pela maravilhosa trilha sonora de John Willians, e como eu disse antes, temos “diversão até o osso”!
Em suma, o filme é excelente! Com seus 124 min de exibição que honram o personagem a todo o momento (vide a cena final, que envolve Mutt, Indy e seu chapéu). Trouxeram o personagem de volta, e 19 anos após Indiana Jones e a Última Cruzada, Indy ainda esta em plena forma. Resumindo: Indy é foda! Harrison Ford é foda! George Lucas é foda! Steven Spielberg é foda! Karen Allen é linda! Shia LaBeouf é bucha! E Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é o filme mais divertido do ano! Então corra para o cinema mais próxima, compre um balde de pipoca, e vibre com as aventuras de Indiana Jones e companhia! NOTA: 9,5

As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian

"For Narnia! For Aslan!"


Eu amo O Senhor dos Anéis, amo o livro escrito pelo genial J.R.R. Tolkien, e amo a trilogia cinematográfica criada por Peter Jackson; mas depois da bem-sucedida franquia cinematográfica, inúmeras adaptações de livros de fantasia, tentam, sem sucesso, SER o Senhor dos Anéis, e As Crônicas de Nárnia não foge a regra. Mas disso falarei depois...
Pois bem, a franquia Nárnia teve inicio com a adaptação em 2005 do livro O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa, filme esse que tinha suas falhas (os olhos mais atentos, erros e falhas gritantes no que se refere aos efeitos especiais), mas de todo, era muito bom. Tinha um elenco infanto-juvenil excelente, apoiados por atores de peso, em uma história leve, com fundamentos míticos calcados nas religiões cristãs; uma bela e singela fábula. Um filme que encantava a todos, e que traduzia de forma digna a mitologia criada pelo escritor C.S. Lewis. A boa notícia? As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian aprimora as qualidades do primeiro filme, amadurecendo a trama e agradando a todos os fãs de filme de fantasia.
Vamos a história do filme: 1300 anos se passaram desde que os quadro irmãos PevensieLucy (Georgie Henley), Susan (Anna Popplewell), Edmund (Skandar Keynes) e Peter (William Moseley) – estiveram em Nárnia. Os Telmarinos (os quais podemos classificar como “o reino dos homens”) governam o mundo. Os minotauros, centauros, grifos, anões e animais falantes abandonaram suas florestas. É nesse cenário que surge Caspian (Ben Barnes), legitimo herdeiro do trono. Mas como de praxe, o tio “malvado”, Lorde Miraz, agora com um filho herdeiro, tenta matar Caspian. O príncipe foge, se escondendo na floresta, e recebendo ajuda dos poucos “seres mágicos” que ali ainda habitam. Cabe agora ao fugitivo herdeiro do trono convocar os quatro reis do passado para restabelecer a paz em Nárnia.
Mas uma vez, a pedra fundamental do filme são os irmãos Pevensie. Cada um deles são peças essenciais, tanto na história propriamente dita quanto nos aspectos técnicos do filme. O quarteto Georgie, Skandar, Anna e Willian são ótimos atores, que interpretam seus personagens de forma plena. O interessante é que eles realmente parecem irmãos, o que da maior firmeza a trama. Georgie, assim como no primeiro filme, é a mais carismática dos quatro. A menina parece ter intimidade com a câmera, o que a deixa muito a vontade com a personagem. O mesmo vale para Anna, com uma Susan que parece ter mais destaque aqui do que no primeiro filme. Skandar está bem, menos irritante que no primeiro filme (pena que não dão maior destaque pra ele no filme) e, por último, Willian, que apesar de saber interpretar bem, é o mais desinteressante dos quatro. E o melhor, eles estão amadurecidos. Três anos se passaram desde o primeiro filme. Os atores cresceram assim como a capacidade de cada um de compor um personagem. Já Ben Barnes, como Caspian, para mim, não convenceu. Parece que o ator é jovem e inexperiente demais pra sustentar um personagem de tamanha importância pra história. Completando o elenco, temos Tilda Swinton como a Feiticeira Branca, em uma rápida aparição, e o sempre fenomenal Liam Neeson, usando sua poderosa voz para dublar o leão-deus Aslam. Destaque para o ratinho Ripchip, uma versão roedor da Tartaruga Touché, responsável por várias cenas divertidas.
A direção de Andrew Adamson é competente, mas possui suas falhas. Dentre elas, a irritante mania de tentar mostrar Peter como um Rei Arthur Narniano; a cada momento vemos alguma ação do personagem para tentar mostrar que é o “grande líder”. Ponto negativo pro diretor por essa insistência; ponto negativo pro ator, Moseley não tem cara nem coragem suficiente, em termos de atuação, para interpretar uma figura desse porte. E por último – e voltando ao tema da introdução – a insistência do diretor de ocupar boa parte do filme com batalhas. Como eu disse, muitos filmes buscam ser O Senhor dos Anéis, mas não são. Na obra de Tolkien, cada batalha adiciona muito a trama. Seja a investida a Moria, ou as batalhas nos campos de Pelennor; cada uma delas encorpa a história. Em Nárnia, isso não acontece. Até acredito que é válido por uma batalha no final, ok, mas a batalha no meio do filme (a invasão ao castelo Telmariano), apesar de ter um teor dramático, é, no meu ver, uma completa perda de tempo. Tempo esse que poderia ser gasto no desenvolvimento das personagens. Como eu queria ver mais cenas diálogos, explorando a meiguice de Lucy, ou a coragem de Susan, assim como as personalidades de Edmund e Peter. Cenas de diálogos entre os irmãos, construindo melhor a personalidade de cada um. Mas o diretor não faz isso. Pena.
No geral, As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian é um bom filme. Atores carismáticos, um roteiro um pouco mais maduro (e que funciona de forma independente, sem necessidade de assistir o primeiro filme para entender o segundo) e uma direção, que como eu disse, não é perfeita, pelo menos é competente. Uma película para todas as idades, quem de certa forma resgata um pouco da inocência e pureza infantil em nossos coração adultos corrompidos pela realidade do mundo. Assista-o, e sonhe com as vastas planícies e florestas, rios e vales, e todas as belezas das terras de Nárnia. NOTA: 8,5

O Melhor Amigo da Noiva

Até que é legalzinho!

Os anos 80 são responsáveis por algumas tosqueiras cinematográficas que acabam se tornando eternas. No meio dessas bizarrices, lembro-me de um filme que já foi reprisado exaustivamente em eternas “Sessões da Tarde” e “Cinemas em Casa”, um filme de nome “Namorada de Aluguel”. Sim, estou falando daquela película oitentista onde um típico perdedor americano aluga a garota mais popular da escola durante um mês, para que ela finja ser sua namorada, e assim ele se torne “descolado”. Pois bem, por que estou citando esse clássico das tardes de nossas vidas, por uma simples razão: foi nesse filme que surgiu o aspirante a galã que Patrick Dempsey; atualmente protagonista da série de TV Grey’s Anatomy. É ele quem, ao lado da bela Michelle Monaghan, estrela a comédia romântica O Melhor Amigo da Noiva.
Bem... Não a muito que dizer sobre a produção. O roteiro é o clichê do clichê. Cenas batidas, personagens arquétipos, etc, etc, etc, está tudo lá! A história mostra Tom (Patrick Dempsey) o típico “garanhão” nova-iorquino, que tem todas as mulheres aos seus pés. Quando sua melhor amiga - e única mulher que não entrou para a sua “lista” – Hannah (Michelle Monaghan) viaja a Escócia a trabalho, ele descobre que ela é o amor de sua vida. O problema é, assim que regressa, Hannah traz consigo uma novidade, está noiva de um duque escocês e vai se casar em algumas semanas. E pior, ela pede para que Tom seja sua “dama de honra”. É ai que o mulherengo personagem vê uma oportunidade única de impedir o casamento da amiga e declarar-se como manda o figurino. Mas clichê que isso impossível. E como eu disse, todos os arquétipos estão ali: a amiga gordinha da noiva, a outra amiga que odeia Tom, o típico escocês (Kevin McKidd, de Roma), etc.
O mérito fica mesmo por conta da dupla de protagonistas, Dempsey e Monaghan. Se eles não são atores do primeiro escalão de Hollywood, pelos menos tem carisma o suficiente pra sustentar as 1:41h de duração do filme. Os dois têm uma ótima sintonia, criando juntos cenas singelas e agradáveis de ver. Há até momentos que pode emocionar como a cena em que Hannah está indo pra casamento, e Tom, indo embora após declarar-se para a amiga; cena essa embalada ao som de Stop Crying Your Heart Out, da banda inglesa Oasis. É para os marmanjos, a beleza de Michelle Monaghan já é motivo suficiente para assistir o filme.
No geral, diria que Made of Honor (título original) é um filme morno. Mas um morno agradabilíssimo. É um filme previsível (você sabe como o filme vai terminar desde o começo da exibição), mas com boas piadas. Altamente recomendado para casais. E claro, há também a chance de ver a última aparição em telona do ator e diretor Sidney Pollack, que faleceu há um mês atrás. NOTA: 7,5

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Speed Racer

Go Speed Racer! Go Speed Racer! Go Speed Racer, Go!!!


Nunca gostei de Speed Racer, não me pergunte porque, mas fato é, sempre que eu começava a assistir a animação nas manhãs de domingo da Rede Record eu trocava de canal! Ainda sim, segui a filosofia "pagar pra ver" (sem duplo sentido) e fui assistir a versão em película do personagem. E que boa decisão que tomei, os R$ 5,50 do ingresso foram muito bem gastos.
Speed Racer é um filme divertido. Muito divertido.
O projeto idealizado e dirigido pelos Irmãos Wachowski (criadores da Trilogia Matrix) tem um roteiro simples (muito simples), com um certo maniqueísmo infantil, que não consegue manter um bom ritmo durante os 129 minutos de exibição. A história, por sua vez, preserva o plot da animação original: Speed é o filho do meio, que sonha em ser o melhor piloto do mundo e honrar o irmão mais velho, Rex, morto em um acidente. O pai é o mecânico e chefe da equipe. A mãe é responsável por manter a casa em ordem e a equipe bem alimentada. Gorducho é o caçula e está sempre grudado com Zequinha, o chimpanzé de estimação da equipe e comparsa nas horas de fazer coisas erradas. Tem ainda o mecânico Sparky , a namorada de Speed, Trixie, e o enigmático Corredor X. Todos unidos para desmascarar um grande empresário das corridas e seus "esquemas" sujos.
Graças aos deuses do cinema que temos um elenco composto por um incontável número de atores carismáticos. Emile Hirsch no papel do protagonista Speed está ótimo, dentro do arquétipo do herói sonhador, que defende seus ideais nobres, etc, etc. Já Susan Sarandon e John Goodman dão vida de forma excepcional aos pais do herói (Goodman nasceu para fazer Pops). Gorducho (Paulie Litt) e Zequinha (o macaco) só pra variar, são os mais chatos da história, mas também responsáveis por bons momentos de comédia. Trixie, a namorada do protagonista, foi muito bem aproveitada no roteiro, assim como bem interpretada pela bela Christina Ricci. Ponto para o Corredor X, o personagem mais interessante do filme (acho eu), vivido por Matthew Fox (o Jack de Lost); o ator da um ar de "cara mal com coração bom" muito divertido para o personagem. Enfim... temos um conjunto de atores muito confortáveis nos papéis que desempenham, dando um certa competência ao filme. Se ele perde no roteiro, ganha no carisma dos atores.
Agora, sobre o visual do filme, bem, ele passa longe da palavra real. O filme inteiro é uma viagem psicodélica, em meio a corridas de carros estilo "Hot Weels"! O espectador provavelmente fica com a impressão de que usou algum tipo de alucinógeno, devido a quantidade de cores vibrantes e movimentação incessante gerada por uma computação gráfica que, apesar de não ser perfeita, brinca com essa estética video-game, buscando assim fazer despertar a criança existente em cada adulto! Junte a isso todas as peripécias e artimanhas de vilões-pilotos cartunescos ao extremo e você tem um desenho animado com pessoas reais (uma estética muito semelhante a da trilogia Pequenos Espiões de Robert Rodriguez). E para os fãs de longa data, as "habilidades" tecnológicas do carro Match 5 estão presentes no filmes; saltos, serras, blindagem, enfim, tudo (pena que aquele pássaro radar não é usado, somente citado). Há ainda o espaço para a boa e velha ação, com direito a uma luta contra mafiosos, e até mesmo ninjas! Mas a cereja do bolo é definitivamente a trilha sonora. Toda ela foi criada a partir da musiquinha clássica do desenho. A todo momento ouve-se aquela batidinha que todo nerd aprendeu quando ainda usava fraudas. E isso dá uma sensação de nostalgia única, deixando a projeção do filme ainda mais agradável!
Pois bem, Speed Racer é um bom filme, que diverte a todas as fachas etárias. Veja, vibre, sorria, e fique tonto com as corridas coloridas de Speed e sua turma, e prepare-se para muita confusão! Ha! Ha! Ha! Ha! Ha! NOTA: 8,5


quinta-feira, 22 de maio de 2008

I'm Stuck In The TARDIS!!!

Fantastic! Brilliant!


É engraçado como através do acaso encontramos coisas novas e muitos interessantes, que vem para nossas vidas inicialmente como uma simples forma de divertimento, mas acabam influenciando nossa visão de mundo. Pois bem, eis o que aconteceu: estava eu a folhear uma edição da revista Sci-Fi News, lendo as diversas matérias publicadas. Depois de algumas páginas lidas (e outras puladas) chego a uma reportagem que me chama a atenção, não pelo título, mas pelas fotos que ela ostentava; a primeira mostrava um homem magro, de cabelos curtos quase calvo e grandes nariz e orelha, de expressão engraçada. O nome do dito cidadão: Christopher Eccleston, um ator inglês que já havia trabalhado em filmes como Elizabeth (1998), Os Outros (2001) e Extermínio (2002)! A segunda imagem mostrava três robôs de visual trash que me fez lembrar daqueles filmes de ficção científica dos anos 50. Já a matéria tratava do revival de uma série inglesa intitulada Doctor Who (Doutor Quem), produzida pela BBC e lançada em 2005. Pronto, minha curiosidade estava em modo on! Tempos depois, no final de 2007, forçando meu PC ao extremo, consegui baixar as três temporadas da série (na base da internet discada). E foi então que descobri uma das mas maravilhosas séries de TV que já assisti. Mas antes de dar minha opinião, darei uma espanada na história do programa e de sua importância.
Doctor Who é uma série de ficção-científica criada em 1963 pela BBC. Ela conta as aventuras do Doutor (isso mesmo, o nome do personagem é apenas Doutor, por isso a brincadeira do título: Doutor, Doutor quem?), um membro da raça dos Senhores do Tempo, nativos do planeta Gallifrey que viaja pelo tempo e espaço, testemunhando a história e impedindo que a mesma seja alterada. Sua nave, a TARDIS (TARDIS é uma abreviatura para Time And Relative Dimensions In Space - Tempo e Dimensões Relativas No Espaço) tem o formato de uma cabine telefônica policial londrina dos anos 60! A série teve 26 temporadas seguidas (1963-1989), depois foi suspensa até 1996 (exibição de um telefilme co-produzido pela FOX e pela BBC) e relançada com grande sucesso em 2005. É a série de 2005 que eu acompanho. Ela também está referenciada no Guiness como "a mais longa série de ficção científica do mundo", sendo também um ícone da cultura popular.
Pois bem, vamos a série de 2005. Essa nova versão, produzida por Russell T. Davies tinha como proposito reapresentar o personagem a uma novo geração, sem claro, desconsiderar as 26 temporadas anteriores; ou seja, seria uma continuação da série clássica, mas sem a necessidade de tela visto para entender a história. Pura e simples uma reapresentação da mitologia.
Ai chegamos a Primeira Temporada (2005), na qual o Doutor é interpretado pelo já citado Christopher Eccleston. Como era de costume na série clássica, o Doutor sempre tinha uma parceira, a bela donzela que o acompanhava em suas aventuras. Dessa vez não podia ser diferente, e para interpretar a acompanhante do Viajante do Tempo, os produtores escalaram uma bela cantora inglesa, de olhos expressivos, cabelos loiros, lábios grossos e um sorriso encantador, de nome Billie Piper, interpretando assim a espirituosa e divertida Rose Tyler. Adicione a isso um novo plot: agora, e diferente das temporadas anteriores, o Doutor está só, isso porque ele é o último sobrevivente de sua raça. Os Lordes do Tempo foram "extintos" no que ficou conhecido como a "Última Grande Guerra do Tempo", na qual eles travaram a derradeira batalha contra seus inimigos máximos, os Daleks, uma raça de "robôs" cujo único objetivo é o extermínio de todas as coisas vivas.
Durante toda a primeira temporada, vemos um timing perfeito entre os dois protagonistas, sempre "jogados" de cabeça em situações bizarras (que poderiam se classificar muito bem como nonsence): aliens gordinhos, manequins vivos, crianças fantasmas e todo o tipo de seres cruzam o caminho do Doutor, que sempre usa de sua inteligência para resolver os conflitos e problemas em que se mete (ou fugir deles). E Eccleston é incrivelmente bom ator. Ele não interpreta o personagem, ele é o personagem! E Billie é o sopro de jovialidade que circunda o antigo espírito do viajante do tempo e seus 900 anos de idade. A temporada é leve, divertida, mas sempre com uma entonação séria, dramática, com sentimentos verossímeis.
O clímax da temporada se dá nos dois episódios finais, quando Rose e o Doutor se deparam com uma armada de Daleks sobreviventes da Última Guerra do Tempo. Como previsto, os vilões são derrotados, mas não sem antes alterarem o Doutor. É ai, nesse "season finale" que sai Chris Eccleston e entra David Tennant no papel de protagonista. A explicação para a mudança de ator é simples: quando um Lorde do Tempo está a beira da morte, ele pode mudar todas as células de seu corpo e "enganar" a morte. Ele muda de aparência e personalidade, mas ainda preserva as memórias de suas "vidas" anteriores (essa foi uma tática usada pelos produtores da série clássica para justificar a saída dos atores, e assim poder continuar a série - Eccleston foi o nono ator a interpretar o Doutor; Tennant o décimo).
E assim chegamos a segunda temporada. Com Tennant e Billie cruzando galáxias dentro da Tardis. Essa temporada, na minha opinião, não é uma das melhores. O clima dela é pesado, mostrando uma lado mais sombrio do personagem, um Doutor "cercado pela morte". Boas histórias, mas sempre terminadas de formas tristes. O interessante dessa temporada é que ela, de certa forma, transmite um pouco o "clima" da série clássica. Se a primeira temporada era uma apresentação sem muitas referências as 26 temporadas anteriores, a segunda se molda em reverência ao nostálgico. A sintonia dos atores é ótima e o season finale é excelente, mostrando um duelo entre Daleks e Cybermens (uma releitura de antigos inimigos do Doutor). Esse, por sinal, marca a saída de Billie Piper da série.
Já a terceira temporada é onde Tennant se consolida de vez como o novo detentor do título de Senhor do Tempo. Se antes ele estava ganhando o público lentamente, agora ele se solta, dando características próprias ao personagem. Uma nova "ajudante" é introduzida na série: Martha Jones, interpretada pela ótima Freema Agyeman. Miss Jones é jovial, de personalidade forte, e coração grande. Aqui, os produtores parecem que acertaram a mão: essa nova temporada não tem o clima alegre dá primeira, mas também não tem o clima pesado da segunda. Cria-se, então, um equilíbrio perfeito o drama é a comédia, entre o final feliz e a dura realidade do mundo. Dentre as aventuras do Doutor, bem, temos Shakespeare, espantalhos "ets" e estátuas me mármore vivas. O final da temporada é espetacular, resgatando um antigo vilão da série clássica, o Master, um outro Senhor do Tempo. O fim da série também é marcada saída de Freema do programa.
No intervalo entre um temporada e outra, temos os Especiais de Natal, exibidos pela BBC em 25 de dezembro (eu sei... isso é obvio). A série também gerou alguns spin-off, como The Sarah Jane Adventures e Torchwood.
Agora estou acompanhando a Quarta Temporada da série , que está sendo exibida pela BBC. A nova companheira do Doutor é Donna Noble, interpretada pela comediante Catharine Tate. O jeito desbocado e mandão da personagem cria um contraponto interessante (além, é claro, de situações engraçadissimas)! Mas essa temporada aguarda ainda muitas surpresas, como a volta de Rose Tyler, e dizem as más línguas (ou seriam as boas!?!?) a volta de Gallifrey!
Claro que para entender Doctor Who é preciso assistir a cada episódio. Vocês vão rir, chorar, vibrar, etc, etc, etc, isso porque a série tem uma qualidade excepcional. Cada nova história é uma brincadeira com os limites do impossível, o que dá ao espectador uma visão de mundo única, que se aplica não só a série, mas também ao mundo real. Parece que depois de conhecer o Doutor você passa a ver o mundo de forma diferente. Esse estranho e gigantesco mundo parece que se torna pequeno diante da grandeza que é o universo e o tempo. Por isso eu digo, para os fãs de ficção-científica, fãs de drama, de comédia, assistam as presepadas do personagem, porque depois delas, garanto que você não será mais o mesmo. Então, corra para o site (ou emule) mais próximo e faça o download. Se não tiver como, procure no canal pago People & Arts que a série é parte da programação. Na falta de palavra melhor, eu definiria Doctor Who como simplesmente... FANTÁSTICO!