quarta-feira, 30 de julho de 2008

Batman - O Cavaleiro das Trevas

"When The Ships Are Down, This Civilized People Will Eat Each Other"


Sabe, eu tenho um carinho muito grande por Batman Begins. O filme foi responsável, junto com Superman Returns, pelo meu retorno ao mundo dos quadrinhos. Chega a ser engraçado quando lembro que, na época do lançamento de Begins, em 2005, eu dizia: "Eu que não gasto um centavo pra assistir um filme do Batman no cinema!". Isso graças ao trauma gerado pelos filmes do Joel Schumacher. Foi só tempos depois que, andando por entre as prateleiras de uma locadora, resolvi alugar o DVD do morcego. E quando começei a assistir, já percebia que aquele não era o Batman cinematográfico que conhecia. Mas minha confirmação veio em forma de uma cena específica do longa, logo na primeira aparição do herói travestido na armadura, quando, no caz, um dos capangas de Falcone pergunta: "Where are You?", e sorrateiramente, o Morcego, de ponta a cabeça surge atrás do bandido e diz, em um medonho susurro: "Here!". Naquele momento eu disse para mim mesmo: "Esse é o Batman de verdade, aquele dos quadrinhos". Fim do filme e pronto, voltei a ser fã do morcegão!
Era óbvio que, com o sucesso de Batman Begins, tanto em público quanto em critica, uma seqüência seria produzida. Tempos depois, as primeiras nóticias sobre o entitulado Batman 2. E com elas uma surpresa, as escalação do australiano Heath Ledger para viver o maior algoz do herói, o Coringa. Minha reação inicial foi algo tipo: "Que mierda. Com tantos atores fisicamente parecidos com o Joker (Crispin Glover, Hugo Weaving, Paul Bettany, etc, etc) por que escolheram logo um que só tem o branco do olho de semelhança?!?!". A "revolta" foi grande, mas é aquilo, vamos esperar para ver. Tempo vai, tempo vem, e finalmente sai a primeira foto do palhaço, uma foto sombria, de um Ledger com o rosto ceifado e um ar muito sombrio. A partir dai já sabiamos o tom que Christopher Nolan daria ao personagem, mantendo assim a visão realista já apresentada no primeiro filme.
Eis que, após meses acompanhando trailers que só me deixavam com água na boca, e fotos promocionais que só aumentavam minha ansiedade, estréia na telona Batman - O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, no original). E depois de assisti-lo, digo, com um sorriso no rosto: Batman Begins foi só um exercício, uma preparação para a verdadeiro filme, que é The Dark Knight.
Começemos pela história. Dois anos depois após o primeiro filme, Batman (Christian Bale) continua seu trabalho de limpar as ruas de Gotham dos criminosos. E o herói não está só. O promotor de justiça Harvey Dent (Aaron Eckhart) luta com as armas que tem para livrar sua cidade da criminalidade. Junto a ele, temos a agora assistente da promotoria e namorada de Dent, Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal). E o tenente James Gordon (Gary Oldman), que com sua Unidade de Crimes Hediondos luta por uma cidade melhor. Mas isso está assustando a Máfia. E é nesse desespero que o "conglomerado" de criminosos aceita a "ajuda" de um criminoso psicopáta, o Coringa (Heath Ledger). A partir dai, a "ópera" começa. Bruce Wayne vê em Dent uma chance de abandonar sua vida de justiceiro mascarado, deixando Gotham nas mãos do seu intitulado "cavaleiro branco", e assim poder ficar junto com Rachel. A UCH de Gordon prende o administrador das finanças da máfia. E o Coringa inicia seu plano para eliminar Batman, ao mesmo tempo em que planeja instalar o caos na cidade. Aqui é importante destacar como o roteiro, escrito a três mãos (pelo diretor Chris Nolan, seu irmão Jonathan e pelo roteirista do primeiro filme, David S. Goyer) e a direção de Nolan, não deixam a "peteca cair" Durante suas 2 horas e meia de projeção, o filme não perde o ritmo em momento algum, ostentando uma trama que se assemelha a filmes políciais; são 152 minutos que não cansam, e que prendem a atenção do expectador a cada minuto.
Quanto as atuações, bem... Vamos a eles. Christian Bale é um excelente ator, e aqui, ele dá um passo a frente no trabalho iniciado em Batman Begins. Seu Batman continua sombrio, só que mais maduro, que arca com as consequências de seu trabalho (como o de inspirar pessoas de uma forma errônea). Já Bruce Wayne está perdendo o controle, se entregando cada dia mais a sua personalidade "quiróptera", e assim passando tanto dos seus limites físicos quanto mentais.
Já Aaron Eckhart cria um Harvey Dent perfeito. Durante todo o filme vemos o personagem e seu ideal de um mundo justo cair por terra. Com o passar do tempo, Dent começa a ceder aos valores que tanto combatia. Ele cai minuto a minuto em um abismo de rancor e loucura que culmina com sua transformação no vilão Duas-Caras. Quando Nolan disse que o filme seria sobre Dent, não pensei que fosse tanto. Aaron rouba a cena com seu bom trabalho de atuação. Gary Oldman como Jim Gordon está excelente. O típico policial honesto, que acima de tudo, busca proteger sua família. É engraçado ver como Oldman, um ator que tem em seu currículo inúmeros personagens excêntricos, interpretar alguém tão "normal". Temos Maggie Gyllenhaal substituindo a insossa Katie Holmes no papel de Rachel. E aqui também Rachel amadureçeu. Sua personagem já não busca mais o amor platônico que nutria por Wayne. Ela seguiu em frente, e achou em Dent um homem que ama. Junte ao time os deuses Michael Caine e Morgam Freeman; Caine como um Alfred menos "apelo cômico" e mais paternal. Protagonizando dialogos excênciais com Bale. E Freeman, interpretando novamente Lucius Fox, como a consciência de Batman, alguém para dizer que eles está passando dos limites. Enfim, um excelente time.
Mas quem mereçe um paragráfo a parte é Heath Ledger. O ator australiano, falecido em janeiro passado, rouba a cena no filme. Seu Joker é uma amálgama bizarra de trajeitos que vai da falta de equilíbro do Capitão Jack Sparrow (Johnny Depp em Piratas do Caribe) a crueldade de Alex (Malcolm McDowell em Laranja Mecânica). Tá, isso causa uma certa sensação de deja-vu, algo tipo: "Já vi aquele trajeito em algum lugar"; mas isso não desmerece em nenhum momento o ator; acho que pelo contrário, só traz uma maior simpatia com a personagem. Esqueça o bufão interpretado por Jack Nicholson em Batman (1989). O Coringa de Nicholson, perto do de Ledger, é palhaço que anima festa infantil. É incrivel como a cada cena, Ledger cria um ser doentio, que celebra a dor e a morte, a destruição e a insanidade; e a atuação dela é apoiada por diálogos que "ajudam" a interpretar aquilo que o palhaço representa. Das falas do mesmo com Duas-Caras, quando ele diz: "Eu sou um agente do caos!"; ou a alegoria contada por Alfred sobre um bandido em Burma; tudo direciona o Coringa para aquilo que ele é. Alguém sem nada a perder, ou, nas palavras do diretor Christopher Nolan: "Uma força da natureza que destrói tudo por onde passa". Some a isso nuances de voz e uma incrível naturalidade na interpretação e temos o algoz perfeito para o homem-morcego. Alguém sem um racíocinio linear, alguém imprevisível. É interessante notar como "herói" e "vilão" são, na verdade, extremos de um mesmo ambiente. Ambos são os reflexos de uma sociedade decadente, sustentada no medo. Como o próprio Coringa diz ao Batman: "Para eles (os políciais) você é só uma aberração. Como eu!!!" E é esse medo que o antagonista pretende espalhar em Gotham. Com seus "ataques terroristas", o insano criminoso planta sua "semente do caos", para que assim, toda a população da metrópole se volte contra ela mesma, e passe a agir de forma irracional. Ele quer espalhar sua palavra, seu "evangelho"; e esse evagelho é o caos. Tudo isso é trazido ao público através da interpretação de Heath Ledger. Muito se disse sobre o ator e esse personagem; e com isso cresceu o boato de uma possível indicação postuma do ator ao Oscar. E levando em conta que a Academia gosta de prestar homenagens, e também de premiar atores por interpretações de personagens "freak" - vide Javier Bardem, que ganhou o Oscar de Ator Coadjuvante esse ano por sua atuação em Onde os Fracos Não Tem Vez - podemos sim, esperar uma indicação do australiano em 2009.
Quanto a parte técnica, temos mais uma vez um ótimo trabalho. Nolan, assim como em Begins, optou por "efeitos especiais" reais, tentando usar o mínimo possível de computação gráfica. Ou seja, as cenas de "ação" do filme são todas (ou pelo menos a maior parte delas) realizadas pelos atores e dublês, o que torna o filme mais crível. E esse é outro grande mérito do filme, ser real. Ao vermos Cavaleiro das Trevas, vemos o reflexo de nosso próprio mundo, da violência nas ruas de nossas cidades, e em termos de Brasil, bem... você sabe. Uma coisa que me deixou muito feliz foi ver como a nova roupa do homem-morcego funciona bem na tela. Outra coisa inressante no filme é a explicação dada para o uso do Batpod, vulgo Batmoto; apesar de meio fantástica, funciona muito bem na trama. Há ainda a excelente fotografia, que ajuda na construção tanto na história quanto dos personagens (a exemplo a cena final, com o Coringa de cabeça para baixo e a câmera também virada para baixo). E para completar temos a impactante trilha sonora de Hans Zimmer; o compositor reaproveita a trilha do primeiro filme, dando a ela maior impacto e presença no filme; destaque para a trilha nas cenas do Coringa, onde um ruído crescente sonoriza os diálogos do vilão.
Há também espaço para sitações a mitologia do morcego nas HQs. Desde coisas subliminares, como a piadinha que Lucius Fox solta sobre a nova armadura de Batman e gatos (seria uma dica de que Selina Kyle, a Mulher Gato, estará no próximo filme?!?!) a coisas mais obvias, como a aparição da pequena Bárbara Gordon, aqui com uns três anos de idade, filha de Jim e de sua esposa, também chamada Bárbara. Para aqueles que não sabem, a menina, quando cresce se torna a Batgirl.
Concluindo. Batman - O Cavaleiro das Trevas é um filme ótimo, uma expêriencia cinematográfica plena, que agrada tanto aos fanfarrões que gostam de filme tipo "massa véio" (lê-se blockbusters com muita ação) quanto aos críticos malas que só curtem filmes "cabeça" (lê-se filmes independente com mensagens a transmitir). O engraçado é ver como Batman se tornou coadjuvante de seu próprio filme. The Dark Knight é uma sinfônia da destruição, e suas notas músicas são a pura anarquia. Mas apesar do clima pesado e sombrio, seu final é a esperança, corrobado por uma cena que mostra que mesmo em situações difíceis, as pessoas ainda agem racionalmente, pensando no bem mútuo. Enfim, como já disse antes, é um filme que merece ser visto. E com ela, as adaptações de quadrinhos ao cinema atingem outro patamar. NOTA: 10


quinta-feira, 24 de julho de 2008

Arquivo X - Eu Quero Acreditar

"A Verdade está Lá Fora"


Quando veio a notícia de que Chris Carter, o pai da antológica série de TV Arquivo X iria produzir um segundo filme da série, eu fiquei mais feliz que pinto no lixo. Era uma chance de amarrar algumas pontas soltas que a série deixou e dar um desfeixo digno aos agentes Mulder e Scully e a colonização alienígena. Mas ai me chega a notícia de que o roteiro do filme não teria ligação com a trama principal da série (a conspiração do governo e a colonização alien) e que o filme seria uma coisa tipo "monstro da semana", ou seja, uma história fechada, que na série, preenchia os espaços entre os episódios da mitologia principal. E é ai que Arquivo X - Eu Quero Acreditar (X-Files - I Want to Believe, no original) peca; ao tentar fugir dos homenzinhos verdes, que eram o fio condutor da série, o filme perde o brilho, e serve apenas como um reencontro dos dois agentes do FBI com os fãs.
O filme começa mostrando o desaparecimente de uma agente do FBI. É ai que Dana Scully (Gillian Anderson), agora atuando como médica em um hospital infantil, é contactada pelo Bureau, que pede sua ajuda e a do ex-agente Fox Muder (David Duchovny) para solucionarem um caso que muitos pensam ser um arquivo x. Fox, por sua vez, ainda fugitivo do FBI (como mostrado no final da 9ª e última temporada da série) vive isolado em uma pequena casa. Depois de alguma resistência, ele e Scully resolvem ajudar a investigação, comandadas pelos agentes Whitney (Amanda Peet) e Drummy (Xzibit). O desaparecimento da agente está, por sua vez, ligado a uma série de desaparecimento de mulheres. Ai que surge o padre pedófilo Joseph Crissman (Billy Connolly), que afirma ter visões das mulheres e de seus sequestradores. A partir dai o filme se desenvolve como uma regular pelicula de suspence, com direito a citações a série (como a falta que Mulder e Scully sentem do filho, o bebê William), e a participação especial de Mitch Pileggi como o Diretor Assistente Walter Skinner.
A história em si, passa longe da alcunha de "arquivo x". O único fator sobrenatural do filme são as visões do padre Joseph, que ajudam a solucionar o caso. Paralelo a isso, vemos Scully buscando ajudar um menino com uma rara doença, monstrando, como era de praxe na série, seu lado maternal. Aos atentos, prestem atenção em uma cena em que Mulder vai ligar para Scully. A câmera mostra o celular do personagem, e na agenda, ele seleciona o nome Gillian. Um erro divertido, que não prejudica o filme, apenas diverte.
No geral, as atuações são boas. David Duchovny e Gillian Anderson continuam em sintonia. É maravilhoso rever Mulder e Scully agindo juntos novamente, e discutindo aquilo que os move. A fé de cada um é o tema central da trama. Fox ainda busca salvar sua irmã (mesmo sabendo que ela está morta), e Scully tenta entender os caminhos que Deus escolhe para o mundo. Essa dualidade dos dois, somado ao agora maduro relacionamento dos dois formam a alma do filme. Assim como ná série de TV, mais importante que as histórias contadas, o divertido é ver Mulder e Scully juntos. Já o elenco de apoio é apenas regular, sendo, como é de se esperar, ofuscados pelo brilho de Duchovny e Anderson.
A direção é linear, sem nenhum destaque; até porque é o primeiro filme dirigido por Carter. Antes ele tinha apenas dirigido alguns episódios da série. Talvez por isso a película ficou com cara de episódio prolongado. E isso, associado a história tipo "monstro da semana" (que mostra uma espécie de Dr. Frankeinstein moderno) deixam o filme meio sem-gosto. Não há muitas coisas que empolguem os espectadores e os fãs do programa de TV. Como disse antes, é só uma chance de rever os personagens da série, e ver como eles estão anos depois.
No geral, Arquivo X - Eu Quero Acreditar - para os leigos, esse subtitulo é uma referência a frase estampada no poster da parede de Mulder, que mostra um disco voador e abaixo a frase "I Want Believe" - é um filme que entretem. Mas no geral, é mais recomendado para dos fãs da extinta série do que para novos expectadores. Meu desejo pessoal é que Cartar resolva produzir um terceiro filme, para ai sim, fechar a mitologia da série com chave de ouro, mostrando bebê Willian usando seus poderes para acabar com a raça dos alienígenas cinzas, impedindo a colonização e salvando a humanidade. NOTA: 8,0


Kung Fu Panda

Everybody Was Kung Fu Fighting!


Em tempo de férias escolares, chovem no cinema animações para entreter a molecada, e fazer com que seus pais gastem o seu suado dinheiro. A primeira animação dessa leva foi o excelente Wall-E, que com seu tom melancólico e sensível agradou tanto os pais quanto os filhos. A segunda animação do verão americano é Kung-Fu Panda, uma animação que apesar de não ser tão genial quanto a do robôzinho lixeiro, é um ótimo filme.
A película conta a história de Po (dublado no original por Jack Black), um panda que passa seus dias trabalhando na barraquinha de macarrão do pai. Mas quando o Vale da Paz onde o preguiçoso urso mora é ameaçado pelo vingativo Tai Lung (Ian McShane), um poderoso tigre branco. Cabe agora ao ex-mestre de Tai Lung, o sisudo Shifu (Dustin Hoffman) treinar o panda, para que este se torne o lendário "Dragão Guerreiro" e possa salvar o vale.
Pois bem, não a muito o que dizer do filme. Kung Fu Panda é uma animação leve, uma diversão sem compromisso, que agrada a todas as idades. Durante os 100 minutos de exibição, somos levados a uma China mitológica, onde o kung fu é mais que uma arte marcial, é sim uma filosofia de vida. Quanto a ambientação, ela dá ao filme um tom mágico, lúdico, que encanta a todos os espectadores. Junte a isso uma excelente técnica de animação, que dá aos movimentos dos animais guerreiros uma incrível leveza e força; o que culmina em sequências de lutas impecáveis, muito divertidas, e que dão de dez a zero nos filmes de ação hollywoodianos!
Já sobre a história, ela cumpre sua função muito bem, transmitindo uma excelente mensagem as crianças; aquela boa e velha "lição de moral" que diz que você pode ser aquilo que você quer. Aqui, a alegoria é exemplificada pelo carismático protagonista Po, gordinho e sedentário, que, quando é apontado como o Lendário Guerreiro, vira a "chacota" do vale. Nem ele mesmo crê que é o escolhido. Durante toda a projeção nos vemos como o panda vence seus medos, ajudado pelo sábio Shifu e tornasse aquilo que sempre sonhou em ser. A mensagem está ali, e deve ser absorvida não só pelas criança, mas pelos adultos também. Há ainda, momentos "drámaticos" no roteiro, (principalmente na relação de Shifu e Tai Lung) que dão uma maior profundidade ao filme, mas nada que prejudique a diversão total do filme, pelo contrário, só aumentão o valor geral da película.
Como já disse antes, Kung Fu Panda é um filme excelente. Uma animação de primeira, que transmite excelentes valores morais e que diverte a toda a família. NOTA: 8,0


domingo, 20 de julho de 2008

Hancock

Água demais também mata planta!


Fui ver Hancock com a maior das expectativas. Primeiro porque era estrelado pelo maior astro de Hollywood da atualidade, Will Smith. E segundo porque a temática principal do filme era "super-herói bêbado", e pelo que era mostrado nos trailers, bem, parecia que ia ser diversão na certa. E foi, mas não o filme todo. Sabe, quando ouvia ou lia uma crítica sobre o filme, era sempre a mesma coisa: A primeira metade do filme é boa, mas na segunda, o diretor perdeu a mão. E então, depois que assisti ao filme, vi que era verdade.
O filme mostra John Hancock (Will Smith), um super-herói bêbado e desmemoriado, que não está nem ai pra nada, e que é odiado por todos pelos estragos que causa quando resolve "ajudar" alguém. Mas tudo começa a mudar quando ele salva a vida de Ray Embrey (Jason Bateman), um relações públicas que resolve auxiliar o herói a mudar sua imagem, e fazer com que a população passe a gostar dele. O problema é que a esposa de Ray, Mary (Charlize Theron) não vai com a cara do desastrado Hancock. Até ai tudo bem. Vemos o herói se entregar para o governo (que havia declarado-o como criminoso) e parar em uma prisão estadual. Cenas engraçadas e algumas sessões de terapia depois, Hancock sai da prisão; logo é convencido por Ray a usar um uniforme, e se "redime" perante a população, ao ajudar a polícia a parar um assalto a banco. Se parasse ai, o filme do diretor Peter Berg seria ótimo. O problema é quando o roteiro começa a querer se explicar demais. Sabe, tinha um professor que, quando eu escrevia em uma prova ou teste, uma resposta demaziadamente longa (e que podia ser escrita de forma mais simples), ele escrevia: "Água demais também mata planta!" ou, de forma menos metáforica: Explicação demais as vezes torna a resposta errada. E é nesse quesito que Hancock peca. Depois da bem sucedida primeira metade do filme, o diretor, na segunda metade, se perde em tantas explicações; essas por sua vez, catapultadas por reviravolta atrás de reviravolta, em um nível pior do que aquelas bizarrices de novelas mexicanas. Todo esse turbilhão de idéias, somado ao retorno de um vilão que já tinha dado o que tinha que dar (sem duplo sentido), destroem todo o clima de descontração que o começo do filme havia criado, culminando em um final um tanto incomodo para o filme, meio amargo.
Nem Smith salva o filme. Claro que na primeira metade do filme ele esta, como sempre, excelente. Já Jason Bateman repete o mesmo arquetipo que usou no papel de Mark Loring, no excelente Juno (2007). Agora, quem me surpreendeu, puxado pro pior sentido que a palavra pode ser usada, foi Charlize Theron. A detentora de um Oscar esta completamente perdida no filme. Parece que fez o filme com má vontade.
Enfim, em um balanço geral, o filme está, como diriam os americanos, fifth-fifth, ou seja, 50% dele é bom. E 50% é ruim. Pena, o filme tinha tudo para dar certo, mas acabou se perdendo no caminho. NOTA: 6,5


sábado, 19 de julho de 2008

Wall-E

"Wallll-Eee!"


Desde as primeiras notícias sobre a produção de Wall-E, o filme aguçou minha curiosidade. Basicamente porque a trama principal do filme parecia-me muito melancólica, principalmente no que se referia a uma animação Pixar. Notícia vai e notícia vem, trailer pra lá e trailer pra cá, e finalmente fui assistir ao filme com o robôzinho que era a cara do Johnny Five de Short Circuit (1986). Ao final da sessão, tive certeza, Wall-E entrou para meu "Top Five" de melhores filmes do ano.
A história da película mostra o planeta Terra daqui a 700 anos, em um futuro pós-apocalíptico, quando a poluição saturou de tal forma a nossa Gaia que a vida como a conhecemos se tornou inviável. Os humanos, bem, os humanos fugiram em uma colossal nave espacial de nome Axion. E deixaram para traz sua casa completamente suja. Mas a empresa responsavél pela nave deixou aqui uma linha de robôs, os Wall-E, cujo função era a de limpar toda a superfície do planeta. Mas como o tempo é corrosivo, todos os robôs dessa linha foram quebrando durante as gerações em que trabalhavam. E é ai que conhecemos nosso protagonista, Wall-E, o último dessa série, que após tanto tempo, continua compactando o lixo do mundo. O robôzinho tem como hobby colecionar antigas velharias humanas, que ele guarda em sua "casa", onde passa boa parte do tempo assistindo a musicais em companhia de sua única amiga, uma barata (você sempre ouviu dizer que as baratas sobreviveriam a um holocausto nuclear, não?!?!). Mas Wall-E se sente só, triste por não ter com quem conversar. E é assim o dia a dia do trabalhador de metal. Mas tudo muda quando uma misteriosa nave desce dos céus, e traz consigo uma robôzinha de nome Eve, com a missão de explorar a superfície do planeta. A partir desse ponto, a vida de Wall-E vira de pernas pro ar, e sua aventura culmina com sua ida a nave Axion.
O filme do diretor Andrew Stanton é simplesmente genial, mas para corrobar tal afirmação, vamos a análise. O começo da produção é de uma melâncolia só. Um mundo assustadoramente destruído pela ação humana, e nele há apenas o pequeno Wall-E, completamente só. A cada take, o metal contorcido da lataria do robô demonstra tal solidão. Nunca vi, em nenhum lugar, uma máquina capaz de expressar tamanha emoção (ele chega a superar até mesmo o eterno R2-D2 de Star Wars). Ele é curioso, e essa curiosidade leva-o a guardar inúmeros artefatos humanos. É engraçado vê-lo abrir uma caixinha porta-anel, jogar fora o anel de diamantes, e guardar a caixinha. Uma mensagem sutil, mostrando que o importante na vida são as coisas de natureza simples. Há também um pequeno espaço para a metalinguagem (o robô assistindo filmes); metalinguagem essa que ajuda a criar essa atmosfera triste.
Eis que chegamos ao "ato dois", que é iniciado pela chegada de Eve (em referência direta a Eva biblíca). O "romance" entre as duas máquinas é uma coisa surrealmente linda. O jeito inocente de Wall-E, em contrapartida com o comportamento "cumprir missão" de Eve dá um toque interessante a trama (será alguma mensagem subliminar reafirmando que as mulheres amadureçem mais rápido que os homens?!?!). É um amor puro, infantil e sublime. Acredito que todos os que assistirem ao filme lembraram daqueles amores de infância.
Já no "ato três", quando o robô chega a Axion, é um prato cheio. A nítida critica a sociedade consumista americana, onde no futuro, os humanos são gordos, não andam e se alimentam de fast-food! Uma alfinetada nos sedentários norte-americanos; e em uma nação que caminha cada vez mas para uma versão equivalente da ficção cinematográfica.
Some a isso algumas sitações a 7ª arte, principalmente ao clássico 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, uma trilha sonora competente, e um roteiro que não se arrasta em nenhum momento, mantendo um maravilhoso ritmo.
Enfim, do começo ao fim, Wall-E é uma animação expetacular (e sério candidado ao Oscar 2009 de Melhor Animação), tanto na parte técnica (falar da perte técnica da Pixar é chover no molhado), quanto na parte artística. Veja sozinho ou sozinha, acompanhado ou acompanhada, e se emocione com as aventuras do simpático robôzinho Wall-E. NOTA: 10


Agente 86

Uma aventura com comédia, e não uma comédia sobre aventura!


Dizer que a série de TV "Agente 86" (Get Smart, no original) é um clássico é pouco. O programa estrelado por Don Adams, e produzida pelo antológico Mel Brooks entrou para a história da televisão. Os poucos episódios que tive a oportunidade de ver (pra dizer a verdade, pedaços de episódios) cativaram-me na hora. O humor físico, somado ao gigantesco carisma do protagonista fizeram dessa série algo expetacular. Quando veio a notícia de que a "famigerada" Hollywood iria refilmar o programa, muito se questionou (comparando-a com o malfadado remake de A Feiticeira, de 2005). Pois bem... filme lançado. E como resultado final, bem, vamos a ele!
Primeiro a história. O filme mostra o sempre divertido Maxwell Smart (Steve Carell) em início de carreira. Após um ataque da organização criminosa KAOS a base da organização CONTROL, Max é "promovido" ao título de Agente 86. Sua missão é, junto com a nova parceira, a Agente 99 (Anne Hathaway) impedir os maléficos planos do KAOS. Junte a equipe o egocêntrico Agente 23 (Dwayne Johnson), o estressado Chefe (Alan Arkin), e o vilão Siegfried (Terence Stamp) e a confusão está armada.
O filme do diretor Peter Segal, ao contrário do que os trailers prometem, não é propriamente dito uma comédia, mas sim uma aventura, e esse é o grande diferencial do filme. Ao apostar em uma película de espionagem leve, Segal acerta a mão, em um filme que flui em um excelente ritmo, com cenas divertidissímas, que fazem rir sem ofender nínguem (talvez a CIA). E para os fãs da série clássica, o icônico Sapatofone está lá!
Quanto aos atores, bem, para mim, Steve Carell é o melhor comediante da atualidade. Suas gags, sua expressão, tom de voz, enfim tudo nele é engraçado. E ele, naquele terno preto e com o cabelo partido lembra a cada momento o saldoso Don Adams. Já Anne Hathaway esta fatal. A atriz nem de longe lembra a desajeitada protagonista de O Diário da Princesa (2001). E o resto do elenco, bem, simplismente brilhante! Alan Arkin é hilário. Dwayne Johnson, vulgo The Rock, esta canastrão como sempre. E Terence Stamp, com seu bom e velho ar vilanesco, não me deixa esqueçer o eterno General Zod.
Concluíndo, o novo Agente 86 é uma diversão sem compromisso, um típico filmão "sessão da tarde" que cativa a todo o público. NOTA: 8,5


sexta-feira, 18 de julho de 2008

O Incrível Hulk

Hulk Esmaga!!!


Caralho, eu sou um preguiçoso safado, e só agora é que estou escrevendo a resenha de O Incrível Hulk!!! Pois bem, aqui vamos nós! Primeiro, vale lembrar que The Incredible Hulk (título original) é, junto com Homem de Ferro, os filmes que abriram as portas da Marvel Productions, a divisão de produção da editora Marvel Comics, ou seja, a partir de agora, as adaptações de quadrinhos para o cinema da editora serão feitas por quem entende de quadrinhos. Tivemos em maio desse ano o ótimo filme de titio Tony Stark, um filme leve, divertido, com uma sutil crítica ao mercado armamentista americano, bons efeitos especiais, etc, etc. Então, o novo filme do Gigante Esmeralda, comparado a Iron Man, é bom, mas não ótimo!
Aos leigos é bom exclarecer, o novo filme não é uma continuação do Hulk (2003) do diretor Ang Lee. Aqui temos um reinicio da franquia, uma vez que muitos acharam o primeiro filme muito meia-boca! Vamos começar pela história: Vemos nosso bom e velho Bruce Banner (Edward Norton), em uma favela aqui no Brasil, buscando sumir das vistar do sempre sisudo General Ross (William Hurt). Em sua estada em nossa bela nação tupiniquim, o cientista busca uma cura para seu "problema de personalidade"; uma vez que ele sabe que só assim poderá viver em paz com seu grande amor, a também cientista Betty Ross (Liv Tyler). O problema é que Ross consegue descobrir o paradeiro de Bruce, a assim começa a perseguição. O general organiza uma investida contra o "portador" do Hulk, essa liderada por Emil Blonsky (Tim Roth), que é feito cobaia de uma experiência onde recebe um protótipo do "Soro do Super Soldado" (aquele que transformou o magrelo Steve Rogers no heróico Capitão América - mas que neste caso, é uma versão, digamos, "não aperfeiçoada"). Essa singela ação é que gera assim, o antagonista "porrada" da história, o vilanesco Abominável!
Well, well, well... No quesito atuação, O Incrível Hulk se saí bem. Se não extraí nada genial dos atores, pelo menos estes (os atores) tem "bala ná agulha" suficiente para manter um bom nível. Primeiro temos Norton, que como sempre, interpreta o personagem de forma plena; e digo mais, o tom de voz típico do ator, aquele voz baixa quase como um susurro, é perfeito pro papel. A belissíma Liv Tyler também mantém uma ótima atuação - com destaque para aquilo que chamo de "cenas extremas", na qual a personagem explode em um sentimentalismo (nesse caso nas cenas de Betty com o Pai). Will Hurt sempre teve cara de militar, motivo já suficiente para que o papel do Gen. Ross o cai como uma luva (eu sei, eu sei, Hurt é um excelente ator). E completando temos o sempre expetacular Tim Roth, aqui interpretando um Emil Blonsky que vai decaindo em uma "psique" violenta após o uso do soro, o que leva-o a transformação no Abominável. No geral, um elenco excelente em uma atuação competente.
A direção do diretor com nome de cachorro, Louis Leterrier é boa, e funciona e o roteiro está em um nível que agradará a todos (ou quase todos). Há ainda as participações especiais do filme: Temos o nosso velhinho safado mais amado, Stan Lee, em uma cena que pasmem, influência na trama do filme; e como não podia deixar de ser, o eterno Hulk, Lou Ferrigno, contracenando com Norton, em uma cena em que ele diz pra Ferrigno: "Você é o cara!", uma digna homenagem aquele que será o melhor verdão de todos os tempos. Além é claro, da série clássica setentista ser homenageada a todo o tempo no filme. Temos também citações ao universo Marvel, e o gancho deixado para o vilão de uma possível sequência - a aparição do professor Samuel Sterns, interpretado por Tim Blake Nelson, e que futuramente se tornará o vilão Mestre. Aqueles que acompanham os quadrinhos da "Casa de Idéias" irá adorar.
Mas como nem tudo são flores... Uma coisa que me incomodou no filme foi essa estética "pula-pula". Em uma hora Bruce está no Brasil, depois no México (ou Guatemala, sei lá), para logo em seguida já entrar nos EUA; é meio bizarro pensar que um cara perseguido pelo governo americano entre no país via fronteira sem ser identificado (ou será que está facil atravessar a fronteira?!?!). Some a isso um corre-corre sem parar, com o protagonista sendo perseguido de cinco em cinco minutos... sei lá, parece estranho. O filme não tem pausa, não tem cenas que conectam esses momentos perseguição. A ironia nisso tudo, porém, é que como todos sabem, Norton (que também ajudou no roteiro do filme) brigou com Leterrier, e que uns 50 min de cenas extras foram cortadas do filme na edição final, ou seja, aquilo que os fãs chamam de "Norton's Directors Cut", a versão Ed Norton do filme; é provável que essas sejam as cenas que "conectam" a ação da película, cenas de diálogos, ou como costumam se adjetivar, os momentos mais "cabeça", explorando as direfenrentes personalidades dos protagonistas.
Mas uma coisa que me deixou um pouco incomodado foi a cena final do filme. Cene essa com a participação especial de Robert Downey Jr. como Tony Stark, em que o milionário sugere ao Gen. Ross a criação de uma equipe para solucionar o problema do Hulk. O momento, em si é bom, mas onde a edição final encaixou a cena é péssima; ao terminar o filme você fica com a impressão de que todo o filme só foi feito para promover o futuro filme dos Vingadores (que reunirá figuras icônicas da Marvel, como Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Homem-Formiga e Hulk, e que tem estréia marcada para 2011). Leterrier poderia ter posto a cena no pós-créditos finais, assim como fizeram com Nick Fury em Homem de Ferro.
E como não podia deixar de ser, a participação do Brasil no filme, apesar de boa, é introduzida de forma medonha. O take inicial, mostrando uma favela, parece durar uma eternidade. A estrutura de "casinha sobre casinha", tão comum a paisagem brasileira, é mostrada de forma colossal no filme. Colosso esse que assusta, e muito.
No geral, O Incrível Hulk é um filme bom, que entretem de forma satisfatória. E que venha o filme dos Vingadores! NOTA: 8,0