segunda-feira, 16 de junho de 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Indy, Comunistas e Homenzinhos Verdes: A Combinação Perfeita!

Engraçado, tem alguns filmes que quando assisto, parece que todas as células do meu corpo reagem. Um pulso elétrico de felicidade percorre todos meus nervos, levando-me para algum lugar atemporal, para algum momento na infância, onde o mundo era maniqueísta e tudo era mais simples. É uma versão mais psicodélica da sensação de nostalgia. Isso, essa felicidade infantil acontece em produções antigas, como Star Wars (1977), Superman - O Filme (1978), e Indiana Jones (1981). Indy está no que eu chamo de memória infantil; fleches de imagens dos filmes em tardes de sábado, quando passavam exaustivamente na TV aberta. Ele é parte da minha infância, e por que não, da minha história. E quando a notícia de que um novo Indiana Jones iria ser produzido, fiquei curioso. Pois bem, a curiosidade foi sanada, e digo, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é um filme muito bom. Arrisco a dizer que é o melhor filme que assisti esse ano.
Vinte e sete anos depois do primeiro, saem os nazista malvados e entram os soviéticos. Estamos na década de 50, e titio Indy ainda está se metendo em muita confusão. Logo de cara vemos Indiana (Harrison Ford) e Mac (Ray Winstone) presos pelos comunistas, em algum lugar no meio dos EUA. Somos então apresentados à vilã do filme, Dr. Irina Spalko (Cate Blanchett), uma pesquisadora paranormal da KGB, que busca algo em certo galpão/depósito do governo estadunidense (muito familiar aos fãs da trilogia Indiana Jones). A partir daí, somos jogados em um turbilhão conspiratório onde os russos buscam encontrar a lendária caveira de cristal, um artefato mítico que dará grande poder aquele que o possuir. Nesse meio tempo, o Dr. Jones foge (em uma das cenas mais mentirosamente maravilhosas já criadas) e volta para sua universidade. É quando conhece Mutt Williams (Shia LaBeouf), um jovem rebelde bem “a la” anos 50. Ele entrega ao professor um caderno de anotações que os levam as Linhas de Nazca, Peru, onde acham à dita caveira e a levam para a boa e velha floresta amazônica, onde encontram e “resgatam” Marion Ravenwood (Karen Allen), que se revela mãe de Mutt. Equipe formada. Todos prontas para aquela boa correria de sempre, com muitas piadas, discussões entre Indy e Marion, chicotadas, bichos selvagens, indígenas, e tudo o que a de bom em uma película de Indiana Jones.
Harrison Ford, agora com seus sessenta e todos anos de idade, continua sendo O CARA. Um excelente ator, que foi revelado e ascendido ao status quo de astro de primeiro escalão por dois personagens canastrões metidos a galã, ambos em películas clássicas do mundo nerd: Star Wars (como o pseudo-pirata espacial falastrão Han Solo), e em Indiana Jones. E mesmo tendo se passado 27 anos desde Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, Ford ainda sabe como interpretar o professor Henry Jones Jr. È sério, parece que não se passou tanto tempo assim. Estão lá, todos os trejeitos e gags do personagem, com um frescor quase mágico. E não é só isso, o próprio ator, apesar de todo o peso da idade, encarou a maioria das cenas de ação, dispensando os dubles. Não é só o personagem que é incrível, o ator também é.
E direto de Caçadores da Arca Perdida, temos de volta Karen Allen, interpretando a sempre jovial Marion. Karen está excepcional, trazendo a mesma personagem de anos atrás, mas com algo novo, talvez um amadurecimento (uma vez que a personagem se tornou mãe), mas claro que sem perder aquele jeitinho docemente fatal. E mesmo passados os anos, ela continua linda, presenteando os espectadores com seus grandes olhos azuis, e com um sorriso que deixa o de Cameron Diaz no chão. E juntando-se a equipe, temos Shia LaBeouf, interpretando um “James Dean” de nome Mutt, que protagoniza uma “conflito” de gerações divertidíssimo com Jones. E completando o elenco, temos Cate Blanchett interpretando de forma deliciosa uma caricata comunista maquiavélica. Para aqueles que tiverem a oportunidade de assistir ao filme no idioma original, poderão notar o exagerado sotaque da personagem. É fácil de ver como Cate se diverte interpretando a antagonista do filme. Uma pena Sean Connery não ter topado participar (mesmo assim, Henry Jones Sênior está presente no filme). Resumindo, é um elenco maravilhosamente maravilhoso, se me desculparem a redundância.
E chegando ao quesito roteiro/direção, a pergunta é: Qual o resultado da união cinematográfica entre o roteirista-deus nerd George Lucas e o pai dos filmes pipoca Steven Spielberg? A resposta: DIVERSÃO ATÉ O OSSO. O roteiro de Lucas é sensacional; divertido, leve, recheado de cenas maravilhosas e cheio de referências aos filmes anteriores (fiquem atentos ao aparecimento da Arca da Aliança). Lucas também faz certo ao trazer Marion de volta, uma vez que, em minha opinião, ela foi o melhor par romântico da trilogia original. Além disso, ele bebe da fonte do livro “Eram os Deuses Astronautas” de Erich Von Däniken. Para aqueles que não conhecem a obra, ela disserta sobre a influência de seres extraterrestres nas antigas civilizações, ou seja, alienígenas ajudaram a humanidade a erguer-las, e que os deuses narrados nos mitos antigos (cristão, egípcio, celta, grego, etc) eram, na verdade visitantes do espaço. Resumindo: sim, há homenzinhos verdes no filme. Algumas vezes de forma mais sutil, outras de forma mais explicitas, de uma forma ou de outra, eles estão lá. Há também a climatização “Guerra Fria”, que é excelente. A cena inicial, ao som da música Hound Dog de Elvis Presley, onde os comunistas invadem uma base secreta americana mostra bem a época da paranóia americana (assim como a cena da bomba atômica). Junte a isso uma direção ágil (como só Spielberg sabe fazer) que mantém um excelente ritmo e que reconstrói o clima dos filmes anteriores, assim como uma excelente direção de arte, que recria os anos 50 com muito primor. Jogue em cima de tudo disso uma camada composta pela maravilhosa trilha sonora de John Willians, e como eu disse antes, temos “diversão até o osso”!
Em suma, o filme é excelente! Com seus 124 min de exibição que honram o personagem a todo o momento (vide a cena final, que envolve Mutt, Indy e seu chapéu). Trouxeram o personagem de volta, e 19 anos após Indiana Jones e a Última Cruzada, Indy ainda esta em plena forma. Resumindo: Indy é foda! Harrison Ford é foda! George Lucas é foda! Steven Spielberg é foda! Karen Allen é linda! Shia LaBeouf é bucha! E Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal é o filme mais divertido do ano! Então corra para o cinema mais próxima, compre um balde de pipoca, e vibre com as aventuras de Indiana Jones e companhia! NOTA: 9,5

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