
É engraçado como através do acaso encontramos coisas novas e muitos interessantes, que vem para nossas vidas inicialmente como uma simples forma de divertimento, mas acabam influenciando nossa visão de mundo. Pois bem, eis o que aconteceu: estava eu a folhear uma edição da revista
Sci-Fi News, lendo as diversas matérias publicadas. Depois de algumas páginas lidas (e outras puladas) chego a uma reportagem que me chama a atenção, não pelo título, mas pelas fotos que ela ostentava; a primeira mostrava um homem magro, de cabelos curtos quase calvo e grandes nariz e orelha, de expressão engraçada. O nome do dito cidadão:
Christopher Eccleston, um ator inglês que já havia trabalhado em filmes como
Elizabeth (1998),
Os Outros (2001) e
Extermínio (2002)! A segunda imagem mostrava três robôs de visual trash que me fez lembrar daqueles filmes de ficção científica dos anos 50. Já a matéria tratava do revival de uma série inglesa intitulada
Doctor Who (
Doutor Quem), produzida pela
BBC e lançada em 2005. Pronto, minha curiosidade estava em modo on! Tempos depois, no final de 2007, forçando meu PC ao extremo, consegui baixar as três temporadas da série (na base da internet discada). E foi então que descobri uma das mas maravilhosas séries de TV que já assisti. Mas antes de dar minha opinião, darei uma espanada na história do programa e de sua importância.
Doctor Who é uma série de ficção-científica criada em 1963 pela BBC. Ela conta as aventuras do Doutor (isso mesmo, o nome do personagem é apenas Doutor, por isso a brincadeira do título: Doutor, Doutor quem?), um membro da raça dos
Senhores do Tempo, nativos do planeta
Gallifrey que viaja pelo tempo e espaço, testemunhando a história e impedindo que a mesma seja alterada. Sua nave, a
TARDIS (TARDIS é uma abreviatura para
Time And Relative Dimensions In Space -
Tempo e Dimensões Relativas No Espaço) tem o formato de uma cabine telefônica policial londrina dos anos 60! A série teve 26 temporadas seguidas (1963-1989), depois foi suspensa até 1996 (exibição de um telefilme co-produzido pela FOX e pela BBC) e

relançada com grande sucesso em 2005. É a série de 2005 que eu acompanho. Ela também está referenciada no
Guiness como "a mais longa série de ficção científica do mundo", sendo também um ícone da cultura popular.
Pois bem, vamos a série de 2005. Essa nova versão, produzida por
Russell T. Davies tinha como proposito reapresentar o personagem a uma novo geração, sem claro, desconsiderar as 26 temporadas anteriores; ou seja, seria uma continuação da série clássica, mas sem a necessidade de tela visto para entender a história. Pura e simples uma reapresentação da mitologia.
Ai chegamos a Primeira Temporada (2005), na qual o Doutor é interpretado pelo já citado Christopher Eccleston. Como era de costume na série clássica, o Doutor sempre tinha uma parceira, a bela donzela que o acompanhava em suas aventuras. Dessa vez não podia ser diferente, e para interpretar a acompanhante do Viajante do Tempo, os produtores escalaram uma bela cantora inglesa, de olhos expressivos, cabelos loiros, lábios grossos e um sorriso encantador, de nome
Billie Piper, interpretando assim a espirituosa e divertida
Rose Tyler. Adicione a isso um novo plot: agora, e diferente das temporadas anteriores, o Doutor está só, isso porque ele é o último sobrevivente de sua raça. Os Lordes do Tempo foram "extintos" no que ficou conhecido como a
"Última Grande Guerra do Tempo", na qual eles travaram a derradeira batalha contra seus inimigos máximos, os
Daleks, uma raça de "robôs" cujo único objetivo é o extermínio de todas as coisas vivas.
Durante toda a primeira temporada, vemos um timing perfeito entre os dois protagonistas, sempre "jogados" de cabeça em situações bizarras (que poderiam se classificar muito bem como nonsence): aliens gordinhos, manequins vivos, crianças fantasmas e todo o tipo de seres cruzam o caminho do Doutor, que sempre usa de sua inteligência para resolver os conflitos e problemas em que se mete (ou fugir deles). E Eccleston é incrivelmen

te bom ator. Ele não interpreta o personagem, ele é o personagem! E Billie é o sopro de jovialidade que circunda o antigo espírito do viajante do tempo e seus 900 anos de idade. A temporada é leve, divertida, mas sempre com uma entonação séria, dramática, com sentimentos verossímeis.
O clímax da temporada se dá nos dois episódios finais, quando Rose e o Doutor se deparam com uma armada de Daleks sobreviventes da Última Guerra do Tempo. Como previsto, os vilões são derrotados, mas não sem antes alterarem o Doutor. É ai, nesse "season finale" que sai Chris Eccleston e entra
David Tennant no papel de protagonista. A explicação para a mudança de ator é simples: quando um Lorde do Tempo está a beira da morte, ele pode mudar todas as células de seu corpo e "enganar" a morte. Ele muda de aparência e personalidade, mas ainda preserva as memórias de suas "vidas" anteriores (essa foi uma tática usada pelos produtores da série clássica para justificar a saída dos atores, e assim poder continuar a série - Eccleston foi o
nono ator a interpretar o Doutor; Tennant o
décimo).
E assim chegamos a segunda temporada. Com Tennant e Billie cruzando galáxias dentro da Tardis. Essa temporada, na minha opinião, não é uma das melhores. O clima dela é pesado, mostrando uma lado mais sombrio do personagem, um Doutor "cercado pela morte". Boas histórias, mas sempre terminadas de formas tristes. O interessante dessa temporada é que ela, de certa forma, transmite um pouco o "clima" da série clássica. Se a primeira temporada era uma apresentação sem muitas referências as 26 temporadas anteriores, a segunda se molda em reverência ao nostálgico. A sintonia dos atores é ótima e o season finale é excelente, mostrando um duelo entre Daleks e
Cybermens (uma releitura de antigos inimigos do Doutor). Esse, por sinal, marca a saída de Billie Piper da série.
Já a terceira temporada é onde Tennant se consolida de vez como o novo detentor do título de Senhor do Tempo. Se antes ele estava ganhando o público lentamente, agora ele se solta, dando características próprias ao personagem. Uma nova

"ajudante" é introduzida na série:
Martha Jones, interpretada pela ótima
Freema Agyeman. Miss Jones é jovial, de personalidade forte, e coração grande. Aqui, os produtores parecem que acertaram a mão: essa nova temporada não tem o clima alegre dá primeira, mas também não tem o clima pesado da segunda. Cria-se, então, um equilíbrio perfeito o drama é a comédia, entre o final feliz e a dura realidade do mundo. Dentre as aventuras do Doutor, bem, temos
Shakespeare, espantalhos "ets" e estátuas me mármore vivas. O final da temporada é espetacular, resgatando um antigo vilão da série clássica, o Master, um outro Senhor do Tempo. O fim da série também é marcada saída de Freema do programa.
No intervalo entre um temporada e outra, temos os
Especiais de Natal, exibidos pela BBC em 25 de dezembro (eu sei... isso é obvio). A série também gerou alguns spin-off, como
The Sarah Jane Adventures e
Torchwood.
Agora estou acompanhando a Quarta Temporada da série , que está sendo exibida pela BBC. A nova companheira do Doutor é
Donna Noble, interpretada pela comediante
Catharine Tate. O jeito desbocado e mandão da personagem cria um contraponto interessante (além, é claro, de situações engraçadissimas)! Mas essa temporada aguarda ainda muitas surpresas, como a volta de Rose Tyler, e dizem as más línguas (ou seriam as boas!?!?) a volta de Gallifrey!
Claro que para entender Doctor Who é preciso assistir a cada episódio. Vocês vão rir, chorar, vibrar, etc, etc, etc, isso porque a série tem uma qualidade excepcional. Cada nova história é uma brincadeira com os limites do impossível, o que dá ao espectador uma visão de mundo única, que se aplica não só a série, mas também ao mundo real. Parece que depois de conhecer o Doutor você passa a ver o mundo de forma diferente. Esse estranho e gigantesco mundo parece que se torna pequeno diante da grandeza que é o universo e o tempo. Por isso eu digo, para os fãs de ficção-científica, fãs de drama, de comédia, assistam as presepadas do personagem, porque depois delas, garanto que você não será mais o mesmo. Então, corra para o site (ou emule) mais próximo e faça o download. Se não tiver como, procure no canal pago
People & Arts que a série é parte da programação. Na falta de palavra melhor, eu definiria Doctor Who como simplesmente...
FANTÁSTICO!